A Real Companhia Velha (RCV) está a testar um sistema de combate à pior praga que afeta as vinhas do Douro – a traça da uva -, colocando difusores que lançam a “confusão sexual” e enganam o macho. Este projeto faz parte de uma iniciativa mais ampla para promover a biodiversidade e a inovação na região.
Os difusores, pequenos filamentos que se colocam na vinha, estão impregnados com uma feromona (hormona sexual das fêmeas das traça-da-uva) que vai sendo libertada gradualmente criando uma “nuvem” que confunde e baralha os machos, impedindo o acasalamento e as posturas de ovos nos cachos.
Segundo explicou fonte ligada à RCV ao Boas Notícias, embora sintam a presença das fêmeas, na realidade os machos são iludidos uma vez que elas não estão lá. Assim não há acasalamento, nem ovos, o que “trava o desenvolvimento de lagartas de traça-da-uva que picam os bagos e causam prejuízos, sobretudo qualitativos, na vinha”.
A feromona é sintetizada laboratorialmente e é específica para esta praga, ou seja, apenas os indivíduos desta espécie a vão identificar, sendo totalmente inofensiva para o homem e para o meio ambiente em geral. Além disso, não causa qualquer tipo de resíduos, inclusivamente para o vinho.
Iniciativa quer proteger biodiversidade do Douro
Este projeto faz parte de uma iniciativa que a Real Companhia Velha está a desenvolver, em parceria com a Associação para o Desenvolvimento da Viticultura Duriense, a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e a Sogevinus, com o objetivo de incrementar a biodiversidade e valorizar a paisagem vitivinícola da Região Demarcada do Douro, Património Mundial da Humanidade pela UNESCO há dez anos.
A iniciativa “Maximização dos Serviços do Ecossistema Vinha – Biodiversidade em Viticultura” pretende promover práticas inovadoras e ecologicamente mais sustentáveis no sistema produtivo da uva, recorrendo ao desenvolvimento de novos produtos, processos ou tecnologias para incrementar a biodiversidade e promover a obtenção de vinho de grande qualidade.
A iniciativa, que arrancou em Março, tem a duração de quatro anos e será implementada em três fases. As conclusões serão partilhadas de modo a serem aplicadas na região que conta com cerca de 33 mil viticultores.