Um dos dois prémios principais, no valor de 7.500 euros, foi atribuído a uma investigação que estabeleceu uma relação entre a dor prolongada e dificuldades de aprendizagem ou de memorização.
Hélder Cruz, Margarida Dourado, Clara Monteiro, Mariana Matos e Vasco Galhardo, da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e do Instituto de Biologia Molecular e Celular, foram os autores do estudo.
“De futuro, estes resultados poderão ajudar a compreender como a dor interage com outros circuitos do cérebro de forma a reverter essas perturbações”, acrescenta Hélder Cruz.
A investigação “Dor em Doença de Alzheimer: pesquisa de um biomarcador para solucionar o problema da sua subavaliação”, foi premiada pela Fundação Grünenthal na categoria de Investigação Clínica. Miguel Castanho, Sónia Sá, Isaura Tavares e Sara Matos Santos foram os investigadores que integraram o estudo, galardoado também com um prémio no valor de 7.500 euros.
Esta investigação contribuiu para o estudo da substimação da Dor e consequente sofrimento em pacientes que sofrem de Alzheimer, sendo que estes têm em dificuldade em expressar-se relativamente àquilo que sentem, em comparação com indivíduos considerados saudáveis.
“É urgente conseguir um método de medir suscetibilidade à Dor que não passe apenas pela queixa do doente”, refere Miguel Castanho, investigador principal do estudo vencedor na categoria de Investigação Clínica.
O investigador acrescenta, ainda, que o estudo em questão “identifica uma molécula analgésica que no futuro poderá contribuir para o entendimento da relação entre Dor crónica e Doença de Alzheimer, além de ser ela própria candidata a molécula que em análises clínicas pode servir de indicador objetivo de suscetibilidade à dor”.
10 por cento da população com lombalgia crónica
Para além dos prémios atribuídos a estes dois estudos a Fundação Grünenthal atribuiu ainda uma menção honrosa ao trabalho “Lombalgia crónica: consumo de analgésicos e outros modeladores da dor na população adulta portuguesa – resultados de um estudo de base populacional (EpiReumaPt)” na área da investigação clínica.
A portuguesas Nélia Gouveia, autora do estudo, é membro da Equipa EpiReumaPt/ Sociedade Portuguesa de Reumatologia e do Centro de Estudos de Doenças Crónicas da NOVA Medical School/Universidade Nova de Lisboa. O estudo revelou que cerca de 10.4% da população portuguesa sofre de lombalgia crónica, sendo que 71.4% são mulheres.
“Além dos aspetos referidos concluiu-se também que a lombalgia crónica é uma condição que provoca pior qualidade de vida e um grau elevado de incapacidade, em idades profissionalmente ativas o que, por consequência, afeta os níveis de produtividade dos indivíduos, podendo levar a reformas antecipadas, e acarreta também elevados consumos em saúde”, explica a investigadora em comunicado enviado ao Boas Notícias.
Desde 1999 que a Fundação Grünenthal, instituição sem fins lucrativos que se interessa pela temática da dor e respetivo tratamento, atribui prémios a investigações que contribuem para o atenuar deste problema. Os prémios serão entregues numa cerimónia oficial que decorre dia 01 de Julho na Fundação Calouste Gulbenkian.