A atividade de uma estrutura do tamanho de uma amêndoa - a amígdala - localizada no cérebro poderá permitir prever com até quatro anos de antecedência quem vai desenvolver sintomas de depressão ou ansiedade.
A atividade de uma estrutura do tamanho de uma amêndoa – a amígdala – localizada no cérebro poderá permitir prever com até quatro anos de antecedência quem vai desenvolver sintomas de depressão ou ansiedade em resposta a acontecimentos 'stressantes' ao longo da vida.
A descoberta é de uma equipa de cientistas norte-americanos e tem potencial para ajudar os médicos a prevenir mais eficazmente as doenças mentais.
De acordo com um estudo, da responsabilidade da Universidade de Duke, nos EUA, publicado esta quarta-feira na revista científica Neuron, a amígdala cerebelosa é crucial para a deteção e a resposta ao perigo.
A sua atividade fornece, portanto, indícios importantes para a previsão do aparecimento de depressões ou de episódios de ansiedade, podendo, em última instância, contribuir para o desenvolvimento de novas estratégias de prevenção e tratamento.
“Com frequência, os indivíduos só têm acesso ao tratamento quando a depressão e a ansiedade se tornaram crónicas e os impossibilitaram de continuar a ter uma vida normal, obrigando-os a procurar ajuda clínica”, nota, em comunicado, a investigadora Johnna Swartz, uma das autoras do estudo.
Segundo Swartz, o recurso à análise desta estrutura, considerada um marcador cerebral, pode dar aos especialistas ferramentas para “guiar os pacientes na busca precoce de tratamento” e para começar a tratar a doença “antes que ela altere tanto a vida das pessoas ao ponto de elas sentirem que não conseguem continuar”.
Para chegar a estas conclusões acerca da importância da amígdala cerebelosa, os cientistas estudaram, através de ressonâncias magnéticas, o cérebro de estudantes do ensino superior saudáveis enquanto estes olhavam para fotografias de rostos com expressões de medo ou raiva, que são vistos como sinais de perigo e que, consequentemente, desencadeiam a ativação da estrutura, cuja atividade foi medida.
De três em três meses, os 753 participantes completaram, também, um questionário 'online' onde deram conta de eventos 'stressantes' e do seu impacto nas suas vidas, bem como um questionário que procurava avaliar os sintomas de depressão e ansiedade.
Aqueles em que, por outro lado, a estrutura era mais reativa, mas que não tinham passado por situações 'stressantes' recentemente, não manifestaram aumento nos sintomas.
“Descobrir que um único elemento do cérebro pode dizer-nos algo importante acerca da vulnerabilidade psicológica de um paciente é assinalável e novo”, realça Ahmad Hariri, professor de psicologia e neurociências e principal autor do estudo.
De acordo com o cientista, a capacidade de este marcador de prever os sintomas no estudo realizado foi “surpreendente”. já que todos os pacientes eram saudáveis e os problemas com que tinham, na sua maioria, de se debater, eram relativamente simples, como discussões com os pais ou com colegas de trabalho.
Os cientistas vão, agora, continuar a estudar os participantes envolvidos na investigação e estão também a explorar outros marcadores – como os genes – para identificar diferenças no funcionamento da amígdala e no risco relativo de ansiedade e depressão.
“Queremos saber de que forma o conhecimento que temos do cérebro de um indivíduo pode ajudar-nos a entender os seus riscos futuros”, conclui Hariri.
Clique AQUI para aceder ao estudo (em inglês).
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