O robô Curiosity, que continua a sua "expedição" por Marte, iniciada em agosto do ano passado, acaba de desvendar novos indícios da existência de água no planeta vermelho.
O robô Curiosity, que continua a sua “expedição” por Marte, iniciada em agosto do ano passado, acaba de desvendar novos indícios da existência de água no planeta vermelho. Recentemente, o equipamento explorou uma área denominada Yellowknife Bay, onde encontrou evidências de que ali terá havido, em tempos, um curso de água abundante.
De acordo com a NASA, o robô está agora a preparar-se para escavar uma rocha denominada John Klein, assim batizada em homenagem ao ex-gestor de desenvolvimento do projeto Curiosity com o mesmo nome que morreu em 2011. O processo deverá começar nas próximas duas semanas e o objetivo é investigar a sua composição e procurar material orgânico, sendo que esta será a estreia humana no que toca a escavações noutro planeta.
Segundo os cientistas, os “passeios” do Curiosity permitiram já chegar até um local onde terá existido um lençol de água e os seus esforços passam agora por desvendar a complexa história geológica daquela área. “Os especialistas acabaram de entrar uma loja de doces”, brincou o engenheiro Richard Cook, gestor atual do projeto, durante uma videoconferência da NASA que aconteceu esta terça-feira.
Nas últimas semanas, o robô tem passado por vários tipos de rocha diferentes, o que indica que diversos processos geológicos já tiveram lugar na superfície marciana. Entre os minerais descobertos estão alguns minerais sedimentares, o que sugere que, no passado, sedimentos terão sido transportados por cursos de água, e há também evidências de que houve passagem de água por entre as rochas após a sua formação.
A área rochosa “John Klein” (na imagem) vai ser o objeto das próximas análises do Curiosity
“Rochas estavam saturadas com água” no passado
Os dados divulgados pela agência espacial norte-americana adiantam ainda que há pequenas fissuras em forma de esferas nas rochas, que se terão formado quando a água atravessou os seus poros, arrastando os minerais para o exterior. Além disso, outras amostras de rocha analisadas exibem fraturas preenchidas com sulfato de cálcio em consequência da passagem da água.
“Basicamente, estas rochas estavam saturadas com água”, explicou o geólogo John Grotzinger, cientista envolvido na missão Curiosity, em comunicado, acrescentando que estas rochas são o exemplo mais complexo da história da água encontrado em Marte até ao momento.
A agência espacial norte-americana revelou que o próximo passo do Curiosity será escavar orifícios de até cinco centímetros de profundidade nestas rochas para determinar, finalmente, a sua composição. Grotzinger sublinhou que aquilo que a equipa vai procurar são minerais aquosos, rácios de isotopos (variantes de elementos químicos) que possam indicar a composição passada da atmosfera marciana e, possivelmente, matéria orgânica.
Cook, gestor do projeto, salientou que estas escavações serão “o procedimento de engenharia mais significativo” já feito desde a chegada do Curiosity a Marte, e vão exigir uma preparação extremamente cuidadosa.