Um grupo de investigadoras portuguesas da Universidade de Aveiro e do Instituto Politécnico de Setúbal criaram um teste que permite avaliar as competências linguísticas das crianças.
Um grupo de investigadoras portuguesas da Universidade de Aveiro e do Instituto Politécnico de Setúbal criaram um teste que permite avaliar as competências linguísticas das crianças. O instrumento é capaz de identificar problemas de semântica, morfossintaxe e fonologia.
Com esta técnica, é possível detetar problemas na linguagem das crianças antes de entrarem para a escola. O teste de linguagem de nome Avaliação de Linguagem Pré-Escolar (ALPE) avalia as capacidades linguísticas das crianças, entre os três e os seis anos, através de um livro de imagens, uma coleção de objetos e um manual de instruções.
Em declarações à Lusa, a investigadora do Instituto de Engenharia Eletrónica e Telemática de Aveiro (IEETA) , Maria Lousada, explica que “o terapeuta da fala pode avaliar nas crianças a forma como constroem frases, o tipo e a riqueza do vocabulário que utilizam e a compreensão que têm ou não sobre a linguagem”.
“Quanto mais cedo se identificarem as crianças com problemas, mais cedo podem começar a ser tratadas de forma a que, quando ingressarem na escola, já estejam a ser acompanhadas”, revelou Ana Mendes, investigadora no IEETA e docente no Politécnico de Setúbal.
Para Marisa Lousada a falta de instrumentos aferidos para o português europeu não permitia aos terapeutas avaliar a compreensão e a expressão das crianças, “o que dificultava a avaliação dos critérios internacionais”.
O TL-ALPE foi desenvolvido ao longo de dez anos e testado em 817 crianças de onze distritos e duas regiões autónomas. Estas crianças, com um desenvolvimento normal, serviram para construir a base de dados normativos. O teste permite perceber se as crianças estão dentro dos parâmetros linguísticos considerados normais para as suas idades.
Este instrumento tem ainda a assinatura das docentes Fátima Andrade, do Departamento de Educação da Universidade de Aveiro, e de Elisabete Afonso, professora no ensino secundário.
O teste, desenvolvido no âmbito de dois projetos de investigação financiados pela Fundação Calouste Gulbenkian, pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia e pelo Ministério da Educação e Ciência, vai ser agora colocado no mercado.