Seguir uma dieta mediterrânica reduz em cerca de metade (47%) o risco dos adultos de desenvolver doenças cardiovasculares. Um novo estudo revela que este tipo de regime alimentar pode até proteger mais o coração do que o exercício físico.
Seguir uma dieta mediterrânica reduz em cerca de metade (47%) o risco dos adultos de desenvolver doenças cardiovasculares. A conclusão é de um novo estudo grego, que revela que este tipo de regime alimentar pode, inclusive, ter um efeito protetor ao nível do coração superior ao do exercício físico.
A investigação, conduzida pela Universidade de Harokopio, em Atenas, vai ser apresentada este mês durante a 64.ª sessão científica anual do American College of Cardiology, em San Diego, nos EUA, e é a primeira a avaliar a probabilidade de desenvolvimento de doenças cardiovasculares pela população em geral ao longo de um período de 10 anos.
“O nosso estudo prova que a dieta mediterrânica é uma alternativa benéfica para todo o tipo de pessoas, de ambos os géneros, de todas as faixas etárias, e tanto para indivíduos saudáveis como para os que tenham problemas de saúde”, afirma, em comunicado, Ekavi Georgeousopoulou, que coordenou o estudo.
De acordo com Georgeousopoulou, a investigação revela, também, “que a dieta mediterrânica tem benefícios diretos para a saúde cardíaca, bem como vantagens indiretas em termos de controlo da diabetes, da hipertensão e das inflamações”.
O estudo baseou-se em dados de uma amostra de mais de 2.500 adultos gregos, com idades entre os 18 e 89 anos, que forneceram, anualmente, entre 2001 e 2012, aos investigadores, informações detalhadas acerca do seu estado de saúde.
Além disso, completaram, também, três questionários aprofundados sobre o historial médico, o estilo de vida e os hábitos alimentares: um deles no início do estudo, outro após cinco anos e o último depois de uma década.
Ao longo do estudo, cerca de 20% dos homens e 12% das mulheres em análise desenvolveram doença cardiovascular ou morreram devido a problemas como acidentes vasculares cerebrais, obstrução das artérias carótidas, ataque cardíaco ou outros.
Os investigadores avaliaram a dieta dos participantes numa escala de 1 a 55 com base na ingestão de 11 tipos de alimentos e aqueles que estavam no topo da tabela em termos de adesão à dieta mediterrânica foram, também, os que apresentavam uma menor probabilidade de desenvolver doença cardiovascular.
Com efeito, a equipa observou, nestes indivíduos, um risco 47% inferior de sofrer de problemas cardíacos ao daqueles que não seguiam este tipo de dieta, sendo o resultado independente de fatores como a idade, o género, o índice de massa corporal, os hábitos tabágicos ou o colesterol, que foram tidos em conta pelos investigadores.
Uma dieta económica e fácil de seguir
A dieta mediterrânica carateriza-se pelo destaque dado à fruta e vegetais frescos, aos cereais, às leguminosas como o grão e o feijão, ao azeite e ao vinho tinto, já tendo sido anteriormente associada a outros benefícios como a perda de peso, um menor risco de diabetes, níveis de colesterol mais baixos e baixa tensão arterial.
“Uma vez que se baseia em alimentos comuns e fáceis de encontrar, pessoas de todo o mundo podem, facilmente, adotar este tipo de regime alimentar e proteger-se contra as doenças cardiovasculares de forma simples e barata”, defende Georgousopoulou.
Por ter sido limitado a residentes em Atenas, na Grécia, a amostra pode “não refletir, necessariamente, as condições de saúde ou hábitos alimentares” da população do resto do mundo.
Ainda assim, o estudo vem reforçar os resultados de investigações anteriores que já associaram a dieta mediterrânica a um menor risco cardiovascular. É o caso, por exemplo, do “Nurses' Health Study”, estudo realizado nos EUA que acompanhou cerca de 75.000 enfermeiras norte-americanas ao longo de 30 anos, obtendo conclusões semelhantes.