O Instituto Nacional de Estatística divulgou, recentemente, os resultados da Conta Satélite Desporto (CSD) para o triénio 2010-2012, com três grandes conclusões: o desporto representou em média 1,2% do Valor Acrescentado Bruto (VAB); 1,4% do emprego (Equivalente a Tempo Completo – ETC) na economia portuguesa; e a remuneração média na CSD excedeu em cerca de 5% a remuneração média nacional , com dimensão económica semelhante ao ramo da metalomecânica, informática, vestuário, arquitetura, engenharias e técnicas afins.
Ao nível da União Europeia (UE), o desporto constitui um setor económico de importância significativa, representando 1,76% do VAB da UE, com uma quota parte nas economias nacionais comparável à dos setores da agricultura, da silvicultura e das pescas combinados. No que diz respeito ao mercado de trabalho, o emprego relacionado com o desporto representa 2,12% do emprego total na UE.
Para além destes indicadores diretos, à escala nacional e europeia, há que quantificar o verdadeiro retorno com a diminuição dos custos diretos e indiretos com a mobilidade e/ou mortalidade decorrente de doenças hipocinéticas.
Considerando o Orçamento de Estado de 2016 e a distribuição percentual média das despesas de saúde por doença, a poupança efetiva nas despesas de saúde que resultaria de um incremento cientificamente sustentado das atividades desportivas seria de 1.349.930.075,00€.
INSPORTHEALTH: conceito
Neste âmbito, o Cluster Transfronteiriço de Inovação no Desporto e Saúde (INSPORTHEALTH) nasceu da necessidade de dar uma resposta coletiva a problemas comuns devidamente identificados no seio da inovação aplicada ao desporto e saúde, implementando uma organização em rede associada a estratégias de eficiência coletiva neste setor, reunindo empresas, organizações desportivas, unidades do SCTN e IES, com o objetivo principal de desenvolver ações que melhorem a competitividade, incentivando o desenvolvimento de produtos inovadores, processos e serviços, transferência de conhecimento, formação avançada, marketing e internacionalização.
Quer no desporto de rendimento, quer na massificação do desporto e na saúde, todos procuram recolher dados analíticos dos seus desempenhos, a instrumentação de materiais desportivos (p.e. calcado, roupa, relógios, fatos de banho, etc.) são uma forte tendência na área que se popularizou pelo termo “wearables”. Uma outra área em forte crescimento é o desenvolvimento de componentes tecnológicas de equipamentos desportivos, como sejam bicicletas, canoas, kayaks, etc.
INSPORTHEALTH: finalidades
- Melhorar a informação, a educação e o desenvolvimento de tecnologias que permitam promover a inovação e a competitividade neste setor;
- Criar um “network” entre a investigação, nas universidades e sistema científico-tecnológico nacional, a indústria, as instituições da administração pública e as organizações desportivas;
- Promover os grandes impulsionadores e aceleradores da competitividade: investigação, inovação e criatividade e pré-incubação de empresas;
- Apoio à submissão de candidaturas aos diferentes programas operacionais;
- Cooperação à escala nacional para mercados internacionais;
- Divulgar exemplos de boas práticas e de eficiência coletiva neste setor.
INSPORTHEALTH: domínios estratégicos
- Performance desportiva: da formação ao alto rendimento. Desenvolvimento de equipamentos e materiais desportivos/saúde; atividades, processos e procedimentos com impacto na saúde humana ao nível da supervisão, prevenção, adaptação, reabilitação, mobilidade e/ou melhoria da performance.
- Saúde, bem-estar, qualidade de vida e envelhecimento ativo;
- Eficiência organizacional: apoio a diferentes “stakeholders” permitindo a aplicação de práticas inovadoras na gestão e organização institucionais, sugerindo uma vasta gama de preocupações com o funcionamento, para além das dimensões de desempenho normalmente consideradas.
ANTÓNIO JOSÉ SILVA
Prof. Catedrático do Departamento de Ciências do Desporto, Exercício e Saúde da UTAD; Membro do Conselho Nacional Educação (CNE) e Conselho Nacional de Desporto (CND); Presidente da Federação Portuguesa de Natação; Presidente Conselho Científico da Rede Euro-Americana de Motricidade Humana.
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