Um grupo de cientistas europeus, coordenado por investigadores britânicos da Universidade de Newcastle, em Inglaterra, está a trabalhar em carruagens de comboios capazes de reduzir o número de mortos e feridos em caso de ataques terroristas.
Um grupo de cientistas europeus, coordenado por investigadores britânicos da Universidade de Newcastle, em Inglaterra, está a trabalhar em carruagens de comboios capazes de reduzir o número de mortos e feridos em caso de ataques terroristas. O método passa, por exemplo, pela utilização de vidros cobertos com plástico para evitar que os passageiros sejam atingidos por fragmentos.
O centro de investigação “The New Rail” daquela universidade analisou as carruagens do metro de Londres atingidas nos ataques terroristas de 7 de Julho de 2005 na capital britânica, que mataram 56 pessoas, e fez, posteriormente, uma explosão de teste numa carruagem em desuso para testar o impacto de uma bomba na sua estrutura.
No âmbito do projeto SecureMetro, com três anos de duração, o grupo focou-se então em conter o impacto da explosão e em reduzir os destroços, que são, geralmente, a principal causa de mortes e ferimentos nesse tipo de acidente e que se constituem também como o principal obstáculo para as equipas de emergência.
Os investigadores, cujo projeto foi financiado pela União Europeia, fizeram explodir uma carruagem desativada e estudaram a forma como a onda de choque se propagou para entender qual a reação das estruturas. O momento foi filmado por câmaras capazes de registar imagens em alta velocidade, o que lhes permitiu examinar a explosão em câmara lenta.
Depois, os investigadores “redesenharam” as carruagens atuais e efetuaram um teste completo com um protótipo à escala. O próximo objetivo é que a tecnologia possa vir a ser incorporada nos regulamentos britânicos e europeus de transportes e que a utilização das soluções de segurança que propõem seja obrigatória.
Modificações “simples e baratas” para salvar vidas
“Temos de ser realistas. Substituir as carruagens de metro atuais não é exequível. [Em vez disso] concebemos tecnologias e materiais que incorporámos nas carruagens existentes para melhorar a sua proteção”, explica, em comunicado, Conor O'Neill, o coordenador do projeto.
Entre estas soluções estão, por exemplo, um revestimento plástico para as janelas e painéis que previnem que os destroços sejam projetados contra os passageiros, mas também a substituição das estruturas mais pesadas por materiais leves e capazes de absorver energia.
“Os painéis que fixámos no teto permitiram reduzir o risco de morte e ferimentos ao limitar consideravelmente” a projeção de fragmentos, acrescenta O'Neill.
“O revestimento plástico nas janelas que desenvolvemos também foi incrivelmente eficaz”, adianta ainda, sublinhando que, “sem ele, as janelas teriam partido e projetado estilhaços, podendo ferir os passageiros”.
De acordo com o coordenador do projeto SecureMetro, mesmo que a explosão de uma bomba numa carruagem vá ser sempre um incidente devastador, o recurso a este tipo de materiais “podem salvar vidas, além de reduzir o interesse dos terroristas pelos caminhos-de-ferro”.
“O que demonstrámos é que as empresas podem fazer modificações simples e baratas que melhoram consideravelmente a situação em caso de atentado”, concluiu.
[Notícia sugerida por Vítor Fernandes e David Ferreira]