As 'pen drive', os discos rígidos e talvez até os tradicionais servidores podem ter os dias contados. Um bioengenheiro e um geneticista do Instituto Wyss, ligado à Harvard Medical School (EUA), conseguiram armazenar 5.5 petabits (mais de 700 terabits) de dados num único grama de ADN.
Esta proeza, realizada pelos investigadores George Church e Sriram Kosuri e divulgada em Setembro na revista Science, foi possível graças à conversão dos filamentos de ADN (cada um com 96 bits) em valores binários. A base de cada filamento (TGAC) passou, assim a corresponder aos números 0 e 1, como nos dados informáticos (T e G = 1, A e C = 0).
Com um valor binário atribuído a cada uma das bases, os investigadores conseguiram criar uma sequência facilmente descodificável, transformando o ADN numa espécie de chip, abrindo assim caminho a uma possível alternativa de armazenamento de quantidades massivas de dados. A margem de erro no processo de conversão dos dados foi de apenas 10 bits corrompidos.
A utilização de ADN para armazenar dados não é uma novidade – afinal, é no ADN que se encontra toda a informação genética. Mas, com esta nova técnica, a equipa de Church e Kosuri conseguiu aumentar 1.000 vezes a capacidade de armazenamento dos filamentos, comparando com experiências semelhantes feitas anteriormente.
Desta vez, os investigadores conseguiram registar 70 mil milhões de cópias (com textos, imagens e códigos HTML) do novo livro de George Church – “Regenesis: How Synthetic Biology Will Reinvent Nature and Ourselves in DNA” – num único grama de ADN.
Revolução do armazenamento digital
Embora o processo de gravação e leitura de chips feitos de ADN seja mais lento do que os tradicionais, a sua impressionante capacidade de armazenamento pode revolucionar o futuro do mundo digital. Segundo a equipa, em teoria, quatro gramas de ADN seriam capazes de armazenar toda a informação digital criada pela humanidade ao longo de um ano.
Os investigadores salientam ainda que esta técnica tem a vantagem de preservar a informação durante mais tempo já que os dados gravados em ADN podem ser guardados, sem serem corrompidos, durante cerca de 3.5 mil milhões de anos. Além disso, o ADN tem como base um código universal que deverá ser facilmente interpretado por gerações futuras.
O problema para o uso imediato da tecnologia é o custo atual dos sistemas de sequenciamento de ADN, considerado elevado relativamente aos metodos de armazenamento tradicionais. A equipa prevê que poderá demorar cerca de 10 anos para que o registo de dados em ADN substitua os disco rígidos e as 'pen drive'.
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