Um casaco feito com cortiça portuguesa é, atualmente, uma das principais atrações do Salão do Móvel em Milão. A criação resulta da parceria entre a corticeira Amorim e o designer Todd Bracher e faz parte da seleção da prestigiada revista de design e
Um casaco feito com cortiça portuguesa é, atualmente, uma das principais atrações do Salão do Móvel em Milão. A criação resulta da parceria entre a corticeira Amorim e o designer Todd Bracher e faz parte da seleção da prestigiada revista de design e arquitetura 'Wallpaper' dos 100 objetos mais inovadores, integrados na coleção 'Handmade'.
A escolha da cortiça enquanto material têxtil foi motivada pela exposição 'Metamorphosis', que a ExperimentaDesign teve patente no Mosteiro dos Jerónimos e a propósito da qual a editora de arquitetura da revista britânica, Ellie Stathaki, reconheceu “o imenso potencial” da casca do sobreiro.
Para a concretização de um objeto inovador nesse material, a Wallpaper convidou, então, a corticeira portuguesa Amorim e o estúdio do 'designer' industrial norte-americano Todd Bracher, que tem vindo a desenvolver projetos com criadores como Tom Dixon e Georg Jensen, e com marcas como a 3M e Capellini.
“Apaixonámo-nos imediatamente pela cortiça mal ela chegou cá, porque é algo diferente de tudo o que conhecemos antes”, conta Todd Bracher no vídeo de apresentação do projeto. “Parte do desafio foi superar a sua rigidez, que é tipo a do couro ou até da ganga, mas isso traz-lhe peso e uma espécie de resistência. Além disso, o calor deste material é qualquer coisa de fascinante”.
Da exploração dessas características resultou o casaco 'Corkwear'. “Embora se possa pensar que a cortiça é um material antigo e primitivo, é bastante técnica para esta utilização”, defende o norte-americano. “Poderia ser facilmente esquecida, mas agora tenho um novo apreço por ela”.
Segundo Carlos de Jesus, diretor de Comunicação e Marketing da Corticeira Amorim, a produção de vestuário é um segmento em que a utilização de cortiça tem vindo a crescer. “Ainda na terça-feira a Nike apresentou o segundo modelo de ténis de cortiça, depois de ter lançado os Nike LeBron James”, avança à Lusa.
“Temos vinto a assistir, de forma abrangente, à utilização da cortiça por grandes marcas de calçado, como, por exemplo, Stella McCartney, Christian Louboutin e Dolce & Gabanna. Agora, essa tendência também já foi abraçada pela indústria do vestuário, pela mão de nomes consagrados como Diane Von Furstenberg e criadores emergentes como Suzaan Heyns”.
Impermeabilidade, proteção térmica, leveza e durabilidade são algumas das qualidades técnicas valorizadas pelos estilistas. Por isso, embora o custo dos têxteis à base de sobreiro seja “ligeiramente superior ao de um tecido normal”, Carlos de Jesus considera que esse acréscimo “se justifica, pela performance técnica e também pela diferenciação estética conseguida pela inclusão de cortiça”.