Por considerarem a redução da contribuição das empresas para a Segurança Social e o seu agravamento para os trabalhadores uma medida injusta, alguns empresários do calçado admitiram já distribuir a poupança alcançada pelos funcionários.
Por considerarem a redução da contribuição das empresas para a Segurança Social e o seu agravamento para os trabalhadores uma medida injusta, alguns empresários do calçado admitiram já distribuir a poupança alcançada com a sua aplicação pelos funcionários.
No âmbito da feira de calçado de Milão, vários nomes do calçado português manifestaram-se contra esta alteração, que consideram não servir os interesses dos consumidores e ir falhar na tentativa de gerar mais empregos.
“O dinheiro que eu ganhar será diretamente para os trabalhadores”, garantiu o designer de sapatos Luís Onofre durante o evento, citado pela Lusa, rejeitando, desta forma, que a proposta do Governo de reduzir a Taxa Social Única (TSU) conduza à criação de emprego.
De acordo com empresário, detentor da marca com o seu nome, a distribuição da poupança conseguida com a redução da TSU será, portanto, “uma forma de motivar” os 52 funcionários que emprega na fábrica em Oliveira de Azeméis.
“Se a ideia é aumentar a produtividade nacional, esta medida vai no sentido contrário. Este apoio às empresas não vai criar mais emprego. Eu não vou criar mais emprego”, afirmou Luís Onofre.
A mesma opinião é partilhada por Carlos Santos, proprietário da Zarco, que salientou que esta redução da TSU “não significa muito para as empresas já que os salários representam cerca de 10% do custo de produção”.
O ano passado, o empresário deu prémio aos seus mais de 100 trabalhadores, no valor de cerca de um terço do ordenado e em 2012 considera repetir a boa ação. “Se puder, este ano voltarei a compensar os trabalhadores, porque quero vê-los satisfeitos e tenho a certeza de que há muitos empresários que vão fazer o mesmo”, garantiu.
APPICAPS sem posição formal
Apesar de admitir que há “várias pontas soltas” sobre a medida proposta pelo Governo, a Associação de Industriais de Calçado (APICCAPS) ainda não se posicionou formalmente por defender que “ainda é cedo para tecer um comentário sustentado” acerca do assunto”.
“Temos de conhecer em detalhe todas as medidas apresentadas e, em especial, o que está relacionado com a descida da TSU, mas consideramos que há medidas mais urgentes, como a dificuldade no acesso ao crédito e o atraso no reembolso do IVA às empresas, que deveriam merecer atenção redobrada” por parte dos governantes, disse aos jornalistas o porta-voz da Associação.
Recorde-se que o Executivo pretende reduzir a TSU em 5,75 pontos percentuais para as empresas – passando-a dos actuais 23,75% para 18% – e aumentá-la em sete pontos percentuais – para 17% – para os trabalhadores.