por Patrícia Maia
Luís Pacheco, 39 anos, não frequentou a universidade. “Sou autodidata por opção. Quando acabei o liceu preferi usar o tempo do curso superior para estudar e testar por mim próprio os conceitos de mecânica que me interessavam, seguindo os passos do meu pai”, conta ao Boas Notícias.
A aposta em construir o seu próprio conhecimento na área da mecânica deu frutos. Hoje em dia, Luís, residente no distrito de Viseu, é gestor de projeto numa empresa de Tondela que produz máquinas industriais e que trabalha com países como a Espanha, a França, o México e o Brasil. Foi com o apoio da empresa que construiu o protótipo da LUPA1, uma bicicleta híbrida, com um design arrojado, que oferece mais autonomia e mais velocidade.
A LUPA1 vem equipada com duas baterias de lítio de 36 volts e 20 amperes o que lhe dá autonomia para cerca de 100km, desde que o “utilizador faça um uso racional da energia, alternando o motor com os pedais”, explica Luís Pacheco. Cada bateria leva cerca de sete horas a carregar e cada uma vem equipada com cabos elétricos independentes.
O autodidata da área da mecânica, Luís Pacheco, junto da sua invenção: a bicicleta LUPA1 equipada com duas baterias que oferecem uma autonomia de 100km
Graças à potência do motor, a LUPA1 consegue atingir os 80 quilómetros por hora, mas Luís Pacheco avisa que, de acordo com a lei portuguesa, o limite legal das bicicletas elétricas é de 25 km/h. Por isso, este híbrido vem com uma consola que pode limitar a velocidade, sendo que, salienta o criador do protótipo, está sempre nas “mãos do utilizador ter uma condução responsável”. A pensar na segurança da condução, a LUPA1 tem os pneus mais largos e os travões reforçados.
LUPA procura financiamento para produção em série
Mas talvez o fator mais distintivo deste velocípede híbrido seja o design drasticamente angular que faz com que a LUPA1 nem sequer pareça uma bicicleta. Luís Pacheco conseguiu ocultar as baterias, o que torna a estética ainda mais apelativa. “A diferença é que a LUPA1 foi pensada e criada de raiz para ser elétrica e não para ser uma adaptação de uma bicicleta normal”, explica o mentor.
Embora a empresa tenha apoiado a criação do velocípede, facilitando as instalações e o equipamento, Luís Pacheco criou este projeto de raiz apenas durante o seu tempo livre. No total, foram dois anos e meio entre a ideia e a concretização material da LUPA1.
Neste momento, o protótipo está à venda num site de anúncios gratuitos por um preço base de 9.750 euros, sujeito à melhor oferta. O preço é elevado mas Luís salienta que se trata de um protótipo original o que eleva os custos. “Se fosse produzida em série, o preço por unidade seria muito mais reduzido”, garante. No entanto, o mentor da LUPA1 salienta que “seria necessário o apoio e o financiamento de uma empresa para isso acontecer”.
No caso de se concretizar a produção da LUPA1, Luís Pacheco gostaria de manter o modelo com selo português em vez de vender a ideia lá para fora. Aliás, com o financiamento adequado, o criador garante que pode fazer “mais e melhor”. “Por exemplo, mesmo em termos de materiais, o quadro que foi feito em alumínio podia ser em fibra de carbono”, sublinha.
Com ou sem financiamento para uma futura comercialização, a LUPA1 existe e foi testada com sucesso, provando, mais uma vez, que em Portugal não faltam pessoas com talento e motivação para fazerem as coisas acontecerem.