O primeiro artesão que Ana “encontrou” estava mesmo ali, na sua rua. Ana tinha de encadernar um livro, para o curso de mestrado, e quis fazê-lo “à antiga”. “Foi quando a minha mãe me falou de um senhor de Campo de Ourique, onde sempre vivi, que fazia encadernações”, conta a designer gráfica, de 24 anos, ao Boas Notícias.
“Fiquei surpreendida uma vez que já tinha passado à porta do espaço do Sr. João muitas, muitas vezes e nunca tinha reparado que lá estava alguém a trabalhar. A partir daí lembrei-me que como ele, também existem outras pessoas em Lisboa a trabalhar manualmente e que as pessoas, como me aconteceu a mim, nem reparam”, explica.
Assim, Ana ampliou a experiência e transformou-a na sua tese de mestrado onde falou da relação entre estas profissões e o terramoto, a revolução industrial, a Lisboa antiga: “Quando acabei e defendi a tese achei que devia continuar com o projeto e dar a conhecer às pessoas estes trabalhadores, estas pessoas que em Lisboa ainda trabalham com as mãos”.
“Quase como se nos conhecêssemos há anos”
Foi uma maneira inesperada de aprender mais sobre a cidade e os lisboetas, conhecer as suas historias e também, uma maneira de fazer amigos. “Se me vêem na rua falam-me quase como se nos conhecêssemos há anos. (Essa proximidade) tem sido um dos pontos mais positivos! Além de que tenho aprendido alguma coisa em relação aos processos e truques utilizados por eles”, sublinha.
A visita às “Mãos de Lisboa” pode ser feita “bairro a bairro” ou através das seguintes categorias: Antigo, moderno, modernizado. Neste momento, é possível “visitar” o espaço de 15 artesãos, conhecer as suas ferramentas, o seu trabalho e também um pouco da sua história. Mas o objetivo é ampliar o site, acrescentando novos artesãos e Ana já tem novas fotos e histórias preparadas.
O Boas Notícias deixa aqui o convite para visitar este espaço virtual dedicado aos artesãos lisboetas e desafia também os seus leitores a fazerem uma visita real, sobretudo se procurarem um serviço único e personalizado. Está um pouco nas nossas mãos contribuir para a continuidade de cada uma dessas artes.
Clique AQUI para visitar o site “As Mãos de Lisboa” e AQUI para visitar o Facebook do projeto.
[Artigo sugerido por Sofia Baptista]