Por Patrícia Maia
Imagens, cheiros e sons. Uma cidade é composta de vários ingredientes que se combinam de uma forma única definindo a sua identidade. Embora as imagens sejam registadas facilmente (sobretudo com a proliferação dos smartphone com câmaras), os sons permanecem mais efémeros.
A fim de preservar este património, a associação cultural Sonoscopia, com sede no Porto, lançou o projeto Phonambient. A equipa, composta por 14 elementos permanentes e mais cerca de 50 colaboradores externos, tem vindo a recolher, desde Agosto de 2014, os sons em seis cidades portuguesas – Porto, Braga, Tondela, Guarda, Castelo Branco, Fundão – e ainda na cidade de Abu Dhabi.
O trânsito, os músicos de rua, os sinos de igrejas ou as expressões do quotidiano são alguns dos momentos sonoros que estão a ser registados. Dia 10 de Fevereiro, o arquivo digital, de acesso livre, fica online.
Mas a ideia é continuar. Patricia Caveiro, da Sonoscopia, que também integra a equipa do Phonambient, explica que ao Boas Notícias que o objetivo é que o projeto “continue por vários anos”. “O site será atualizado regularmente com os sons que vão sendo recolhidos”, conta.
O projeto tem vindo a ser oficialmente apresentado, desde Dezembro, nas cidades onde os sons foram recolhidos, sendo que, em breve, a recolha deverá chegar a novas zonas do país. Ainda não há datas nem mapas definidos mas “Lisboa será, naturalmente, uma cidade que gostaríamos de incluir no projeto”, garante Patricia Caveiro.
Projeto quer chegar a outros países
A inesperada aquisição de sons numa cidade tão distante de nós como Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes, surgiu porque a associação tem uma parceria com a New York University Abu Dhabi que se mostrou “muito interessada em fazer parte do projeto”. “No futuro planeamos também incluir outras cidades e locais fora do país”, acrescenta Patrícia Caveiro.
Para a realização deste projeto que não tem prazo nem espaço, a Sonoscopia obteve um financiamento da Direção Geral das Artes na ordem dos 25 mil euros. “Mas o projeto tem um custo bastante superior, dado que são várias cidades e pessoas envolvidas”, salienta a responsável da associação.