“António e Catarina” teve a sua estreia mundial no passado dia 10 de agosto naquela cidade suíça. O filme, produzido pela Terratreme e realizado durante três anos na sequência de um mestrado no âmbito do programa transeuropeu DocNomads, retrata a relação entre dois estranhos – um homem de 70 anos e uma mulher de 25 anos – que, trancados num quarto, negociam as condições da sua relação.
“Este filme é uma viagem com Augusto, um homem 45 anos mais velho que eu, que conheci acidentalmente. Nesse momento, impressionada pela sua figura sedutora e enigmática tirei-lhe uma fotografia. Enquanto caminhávamos numa avenida de Lisboa, ele sussurrou-me ao ouvido ‘vamos dar as mãos e imaginar que estamos em Paris’. Encontrámo-nos durante três anos no quarto dele, movidos pelo desejo de estarmos juntos. Através do cinema, eu pude preservar momentos fugazes dos nossos encontros. Quando terminei o filme fui surpreendida pela notícia da morte de Augusto e percebi que tínhamos partilhado os últimos três anos da vida dele”, explica a realizadora.
Tiago Hespanha, produtor do filme laureado, refere que “a diferença de idades, de línguas e histórias foram as condições que tornaram um encontro tão improvável numa potente relação cinematográfica. Cristina explora temas tão universais como o desejo, o amor, a amizade e a morte. Receber o Pardino d’Oro em Locarno é um reconhecimento extraordinário que vem premiar um filme simples movido pela urgência e o instinto de uma realizadora jovem com uma grande sensibilidade e enorme talento”.
Cristina Hanes nasceu em 1991 na Roménia e concluiu o mestrado em Realização de Documentário em 2016 no DocNomads. Em 2013, acabou a licenciatura em Cinematografia em Cluj-Napoca, na Roménia. Os seus filmes de escola foram selecionados para o DocLisboa, MakeDox, Astra Film Festival, Transylvania IFF, DocuArt. Participou no Workshop Aristoteles em 2013, apoiado pelo ARTE France, Transylvania Talent Lab, One World Romania Workshop by Rada Sesic. Atualmente, está a trabalhar na sua primeira longa-metragem.