Especialistas alemães descobriram que algas nativas do Mar Báltico são capazes de inibir o desenvolvimento das células cancerígenas.
O potencial anticancerígeno das algas é conhecido há algum tempo, mas os cientistas europeus acreditavam que estaria limitado às espécies exóticas, encontradas a grandes profundidades. Porém, especialistas alemães descobriram que algas nativas do Mar Báltico poderão dar um contributo importante no combate ao cancro do pâncreas, inibindo o desenvolvimento celular.
Os biólogos da cidade alemã de Kiel recolheram alguns exemplares de algas castanhas nativas que se encontravam soltas – de forma a não afetar o equilíbrio marinho – e, em laboratório, congelaram-nas e trituraram-nas num liquidificador. A fase seguinte foi a extração das substâncias benéficas existentes nas plantas marinhas. “Extraímos as substâncias relevantes através da adição de um solvente”, explica a biotecnóloga Marion Zenthoefer, citada pela Deutsche Welle.
A partir deste processo, a obtenção de polifenóis, carotenoides, polissacarídeos, sulfatos, ácidos gordos ómega-3 e antocianinas, os principais compostos presentes nas algas, permitiu a criação de uma mistura especial que, quando borrifada sobre uma cultura de células de cancro pancreático, se mostrou capaz de deter o seu crescimento.
“Se as células cancerígenas crescessem normalmente iriam disseminar-se por toda a superfície onde estava a cultura. Porém, se a camada celular tem buracos [como se tem verificado], isso é um sinal do efeito dos extratos de algas”, esclarece Zenthoefer. A próxima fase será agora tentar compreender quais são exatamente as substâncias que interrompem o crescimento das células.
Apesar de haver um longo caminho pela frente, a equipa mostra-se satisfeita com os resultados preliminares positivos e considera que o mais surpreendente é o tipo de algas utilizado. “Até agora concentrámo-nos em lugares exóticos, próximos de correntes de água quente e a grande profundidade. E, no entanto, as plantas nativas do Mar Báltico têm exatamente a mesma potência”, salienta o biólogo marinho Levent Piker.
O projeto “Algas contra o Cancro” é patrocinado pelo ministério alemão de Educação e Investigação. Além de parceiros privados, conta também com duas equipas de investigadores da Universidade de Kiel.