As cirurgias de transplante de cabelo poderão transformar-se num novo cartão de visita para o turismo de saúde no Algarve. A crença é de um especialista português que tem operado vários estrangeiros na região.
As cirurgias de transplante de cabelo poderão transformar-se num novo cartão de visita para o turismo de saúde no Algarve. A crença é de um especialista português que tem operado vários estrangeiros na região e que defende que o procedimento pode vir a ajudar a combater a crise no setor.
Em declarações à Lusa, o médico Pedro Cruz Dinis explica que “em Portugal, este é um processo relativamente novo, tem alguns anos”, mas que a aposta no cliente estrangeiro está a crescer e que o Algarve tem “excelentes condições” para apostar na área do turismo de saúde, sobretudo devido ao clima, à gastronomia e à hospitalidade.
O português, que se especializou em microcirurgia de transplante capilar na Tailândia e exerce funções numa clínica em Faro, adianta que estão a ser estabelecidos protocolos com os hotéis da região e que a sua equipa médica está a tentar tirar proveito do facto de as cirurgias em Portugal custarem, em média, menos do dobro do que no Reino Unido, o principal mercado além-fronteiras.
Segundo Pedro Cruz Dinis, mesmo com os gastos na viagem e estadia no Algarve, o paciente ficaria a ganhar relativamente aos preços naquele país, e as qualidades turísticas da região tornam-na capaz de competir com os países que oferecem este tipo de cirurgias a preços semelhantes, como a Grécia, a Turquia ou a Hungria.
O cirurgião, que considera que este é um nicho de mercado ainda pouco explorado no Algarve, iniciou recentemente uma campanha de promoção no exterior, sobretudo na imprensa, através da qual lhe têm chegado muitos pedidos de informação sobre a cirurgia, que se realiza, neste momento, em Faro, Lisboa e Leiria.
Técnica do transplante é idêntica “à jardinagem”
De acordo com o especialista, uma cirurgia de transplante de unidades foliculares (raízes do cabelo) num paciente com calvície marcada pode chegar aos 3.500 euros. A técnica consiste em retirar, uma a uma, raízes da região dadora da cabeça – a parte posterior -, que depois serão transplantadas para a região com falta de cabelo.
Para Pedro Cruz Dinis, este tipo de transplante é semelhante à jardinagem: após cerca de três meses, as raízes transplantadas dão início aos primeiros cabelos, que ali crescerão de forma natural, durante toda a vida, como se fosse o seu local de origem.
Embora as raízes retiradas da parte de trás da cabeça não sejam substituídas, o facto de existirem, por centímetro, cerca de 100 raízes e apenas 10 serem removidas faz com que a diminuição da densidade capilar seja pouco visível.
Outra alternativa, menos dispendiosa, adianta o cirurgião, consiste em retirar uma tira de cabelo da região dadora da cabeça, que resultará numa cicatriz fácil de disfarçar.
Até ao momento, Pedro Cruz Dinis, que se dedica à microcirurgia de transplante capilar há cerca de quatro anos, já operou, em Portugal, pacientes oriundos do Reino Unido, Irlanda e Suíça.