O tabagismo é, ainda hoje, uma das principais causas de morte e doença a nível mundial. O número de fumadores, e consequentemente o seu prejuízo na saúde das pessoas, tem aumentado consecutivamente nas últimas décadas, embora a distribuição deste vício esteja a sofrer modificações. Em Portugal, dados de 2011 apontavam para um quarto de fumadores. Em 2016 ficou aquém de um quinto da população. Esta tendência tem-se verificado a nível dos países mais desenvolvidos, sendo infelizmente acompanhada pela tendência oposta a nível dos países em desenvolvimento.
As políticas de promoção da cessação tabágica continuam a ser assim uma das intervenções em Saúde Pública mais benéficas e custo-efectivas, tanto do ponto de vista populacional e individual.
Vejamos alguns dos benefícios conferidos pela cessação tabágica – importante tema de reflexão na tomada desta decisão:
– Vinte minutos depois, o ritmo cardíaco baixa. Doze horas depois, o nível de monóxido de carbono no sangue regressa aos valores normais. Duas semanas a três meses depois, o risco de ocorrência de enfarte de miocárdio desce e a função pulmonar aumenta. Um a nove meses depois, a ocorrência de tosse e dispneia diminuem. Um ano depois, o risco de doença cardíaca coronária é metade do de um fumador. Cinco anos depois, o risco de acidente vascular cerebral iguala o de um não-fumador. Dez anos depois, o risco de cancro do pulmão é cerca de metade do de um fumador. O risco de cancro da boca, faringe, esófago, bexiga, rim e pâncreas também diminui. Quinze anos depois, o risco de doença cardíaca coronária é igual ao de um não-fumador.
Podemos alargar a lista de benefícios quase indefinidamente, sendo que alguns deles podem ser especialmente apelativos para certos fumadores: reduz o risco de disfunção eréctil, de infertilidade e problemas de saúde no feto e/ou futuro bebé. Melhora os sentidos do paladar e olfacto. A nível da saúde mental, é generalizada a ideia de que o tabaco reduz a ansiedade e o stress, mas este efeito é apenas temporário e acarreta um risco muitíssimo elevado, sendo por isso motivo para o fumador procurar outro tipo de ajuda. O ex-fumador frequentemente redescobre formas saudáveis para reduzir o stress, seja o exercício físico regular, hobbies, exercícios de relaxamento ou meditação, etc. A cessação tabágica representa também um desafio e oportunidade de crescimento e auto-conhecimento, melhorando nosso bem estar e de quem nos rodeia.
Existem diversas estratégias terapêuticas para auxiliar o fumador que pretende deixar de fumar, necessitando todas elas de uma boa dose de motivação pessoal. Para isso, pode ser importante o fumador reflectir amiúde sobre os benefícios da cessação tabágica.
Para quem esteja motivado, o aconselhamento médico é importante para se sentir acompanhado e mais confiante durante o processo de cessação, tanto pelo estímulo da relação médico-doente como pelo eventual apoio de estratégias terapêuticas comprovadas.