“São espécies autótones, algumas delas só existem em dois ou três rios no nosso país. Em todo o mundo não se encontram em mais local nenhum. Se não for feito nada por elas, poderão desaparecer para sempre do planeta”, disse à Lusa Alexandrina Pipa, técnica da associação ambientalista Quercus, uma das entidades envolvidas na iniciativa.
Alexandrina Pipa explica que os viveiros tiveram de ser preparados com antecedência para receber as espécies e serem adaptados para parecerem o mais natural possível. Para isso, foram colocados tufos naturais desde lãs, raízes e pedras para que os peixes pudessem desovar como fariam na natureza.
As espécies são acompanhadas, todos os dias, quanto à alimentação para que se mantenham os hábitos naturais que teriam se vivessem livres. “Mexilhão, ervilha, miolo de camarão, ração normal, flocos, minhocas e larvas de mosquito” é a alimentação variada que é dada às espécies.
A limpeza, a medição do caudal da água, a deteção de eventuais problemas sanitários são preocupações constantes que os técnicos do viveiro têm para que possam libertar as espécies em habitat natural em condições aceitáveis.
O projeto “Conservação ex situ de organismos fluviais” teve início em 2008 e tem sido bem sucedido com a produção de “200 a 600% dos [87 exemplares] que chegaram inicialmente”, explicou a técnica da Quercus.
Para o próximo mês enfrenta-se um novo desafio com a reintrodução do ruivaco-do-Oeste no rio Alcabrichel, em Torres Vedras.
O projeto “Conservação ex situ de organismos fluviais” tem como parceiros, além da Quercus, o Aquário Vasco da Gama, EDP, Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Técnica de Lisboa, Centro de Biociências do Instituto Superior de Psicologia Aplicada e Câmara de Figueiró dos Vinhos.