i9magazine

A Arte na Quarta Revolução Industrial

Versão para impressão

O mundo tem passado por diversas transformações em curtos períodos de tempo, porém, a velocidade e a crescente complexidade têm vindo a aumentar, de forma exponencial, nas duas últimas décadas. Com a entrada no novo milénio o mundo mudou. Estas mudanças são justificadas pela Quarta Revolução Industrial e pelos desenvolvimentos nas áreas da inteligência artificial, robótica, nanotecnologia, genética, biotecnologia, impressão 3D e outras evoluções técnicas e científicas. Neste âmbito, o debate em torno da arte e da tecnologia tem vindo a ganhar espaço nos meios académicos. A temática desperta a atenção de vários segmentos da sociedade, particularmente aqueles que estão ligados aos meios educativos e culturais.

Na esfera da proclamada Quarta Revolução Industrial, um dos pilares é a Internet das Coisas (Internet of Things – IoT), que antecipa uma transformação integral da produção industrial através da fusão da tecnologia digital com a indústria tradicional, recorrendo à internet, nomeadamente por intermédio da utilização de aplicações informáticas em plataformas móveis e dispositivos com wireless que permitem conectar qualquer dispositivo, ou qualquer individuo, em qualquer ponto do planeta. Estas transformações têm tido também um grande impacto no universo das expressões artísticas – da arquitetura ao cinema.

De acordo com os autores Kohn e Moraes estamos a caminho de “uma das transições sociais que transformam a sociedade ao longo dos tempos”. A escalada em direção a uma sociedade eminentemente tecnológica, onde a utilização de dispositivos eletrónicos influencia diretamente o nosso dia-a-dia, configura alterações culturais muito expressivas e que serão evidentes a curto,

a médio e a longo prazo, na medida em que estes dispositivos tecnológicos já fazem parte integrante do ecossistema da humanidade. De acordo com os autores estes aparelhos “são formatados e formatam a cultura”.

Simultaneamente, neste cenário global, de dinamismo e mutabilidade crescentes, torna-se particularmente assinalável a influência de um diversificado conjunto de efeitos e tendências associadas à aceleração do progresso científico e tecnológico no domínio artístico. Atualmente, os robôs computorizados já ocupam diferentes tipos de funções, pois podem ser facilmente

interpretar, não só a linguagem de uns e zeros, mas também conseguem diferenciar verdadeiros ou falsos, sins ou nãos e inúmeros códigos e símbolos, da matemática à lógica da linguagem. A velocidade e intensidade da permanente evolução tecnológica e dos novos canais de comunicação são apenas alguns dos condutores primordiais que marcam e provocam a revolução de valores, saberes e perceções em, praticamente, todas as áreas do conhecimento humano. Contudo, embora as máquinas, os computadores e os robôs se destaquem pela velocidade, autonomia e eficiência nos processos produtivos, a criatividade e o pensamento só pode ser concebido pelos humanos.

De acordo com o relatório The Future os Jobs, publicado pelo World Economic Forum (WEF), nos próximos anos vão acontecer diversas mudanças socioeconómicas, geopolíticas e demográficas e estas terão impacto direto na humanidade. Vão desaparecer, por exemplo, algumas profissões e irão nascer outras. O relatório, que analisa o emprego e as competências, conclui que grande parte dos novos modelos de profissionalização estarão ligados a competências sociais dos seres humanos, nomeadamente aquelas que são impossíveis de serem replicadas ou executadas por máquinas. De acordo com este estudo, existem dez competências (soft skills) imprescindíveis: (1) capacidade para a resolução de problemas complexos; (2) pensamento crítico; (3) criatividade; (4) gestão de pessoas; (5) coordenação com outros; (6) inteligência emocional; (7) capacidade de julgamento e de tomada de decisão; (8) orientação para o serviço; (9) capacidade de negociação e (10) flexibilidade cognitiva.

A par dos estudos sobre arte e tecnologia, a temática das competências tem-se tornado também uma constante nos debates académicos e empresariais. No âmbito das manifestações artísticas, tal discussão justifica-se pela crescente necessidade de se atuar de forma muito competente e diferenciada, diante dos atuais processos de globalização e crescente competitividade. A sociedade alterou-se graças ao universo tecnológico, todavia, não podemos – nem queremos – dissociar as competências humanas dos universos artísticos.

A criatividade e a inovação, o pensamento crítico, a flexibilidade cognitiva e a expressão artística, não podem ser extraídas de informações armazenadas em bases de dados. Assim, deve-se considerar sempre a dimensão humana na produção artística e investir na formação contínua e no desenvolvimento de competências que constituem processos de grande importância para a evolução e o desenvolvimento das mais diversificadas formas de expressão e singularidade artística.

As artes e a tecnologia devem permanecer interligadas, potenciando assim a criatividade humana, o pensamento crítico, a flexibilidade cognitiva e as formas de expressão e singularidade dos seus autores. A capacidade de criar, produzir ou inventar é um elemento essencial no contexto artístico e tirar proveito da agilidade tecnológica confere ao artista a oportunidade de beneficiar com o atual cenário de rápidas transformações.

 

 

Referências

Bloem, J. V. (2014). The Fourth Industrial Revolution. Things to Tighten the Link Between IT and OT. Sogeti VINT.

Brynjolfsson, E., & MCAfee. (2017). What it can – and cannot – do for your organization.

Kagermann, H. H. (2013). Recommendations for implementing the strategic initiative INDUSTRIE 4.0: Securing the future of German manufacturing industry; final report of the Industrie 4.0 Working Group.

Kohn, K. &. (2007). O impacto das novas tecnologias na sociedade: conceitos e características da Sociedade da Informação e da Sociedade Digital. XXX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação.

World Economic Forum. (2016). The future of jobs: Employment, skills and workforce strategy for the fourth industrial revolution. Geneva, Switzerland: World Economic Forum.

O conteúdo A Arte na Quarta Revolução Industrial aparece primeiro em i9 magazine.

Comentários

comentários

PUB

Live Facebook

Correio do Leitor

Mais recentes

Passatempos

Subscreva a nossa Newsletter!

Receba notícias atualizadas no seu email!
* obrigatório

Pub

Este site utiliza cookies. Ao navegar no site estará a consentir a sua utilização. Saiba mais aqui.

The cookie settings on this website are set to "allow cookies" to give you the best browsing experience possible. If you continue to use this website without changing your cookie settings or you click "Accept" below then you are consenting to this.

Close