À medida que o mercado da “Internet of Things” continua a crescer, é necessário inovar no relacionamento com os consumidores através de plataformas tecnológicas, incrementando a experiência turística. As plataformas existentes abrem um mundo de oportunidades para a criação de novos modelos de negócio, ligando potenciais turistas a qualquer pessoa e lugar. As novas soluções permitem tornar as operações mais eficientes, garantindo, ao mesmo tempo, um maior conhecimento e melhor gestão dos clientes e da concorrência, possibilitando a personalização dos serviços e a oferta de experiências únicas.
Os recentes negócios que operam sob o conceito de “Sharing Economy” destacam-se pelo valor que acrescentam à viagem, inovando com base na autenticidade da experiência turística, mas também pelos impactos que trazem às empresas e destinos. Estas novas configurações têm potenciado a transformação dos turistas tradicionais em prosumers, que desejam cocriar as suas experiências de viagem, personalizadas e em tempo real. Estamos perante inovações arquiteturais e disruptivas, que resultam de novos conceitos tecnológicos e possibilitam o desenvolvimento de novos produtos e mercados.
Não é por acaso que as empresas mais inovadoras na área das viagens e do turismo emergem dos conceitos de “Internet ofThings” e da “Sharing Economy” através de aplicações móveis. Destacamos empresas como a Uber ou as menos polémicas Lyfte Sidecar, em que pessoas comuns se tornam motoristas; o Peek, um site de experiências turísticas onde o “guia de viagens se funde com o concierge do hotel”; o Tensator Virtual FlightAssistant, um holograma que responde às questões dos passageiros nos aeroportos; ou o Vayable, em que um residente local se transforma num guia turístico oferecendo uma experiência de visita diferente. O grande protagonista desta revolução é o AirBnB, a maior cadeia hoteleira do mundo sem ser proprietária de um único hotel. O conceito vem responder aos viajantes que procuram experiências autênticas, pessoais e diferenciadas, um segmento que até à data era servido apenas por hotéis de posicionamento (e preço) elevado. Assentando no modelo “peer-to-peer”, combina benefícios para os turistas e para os residentes, proporcionando interação social e a cocriação da experiência autêntica da vida local.
Estes novos negócios que têm vindo a proliferar trazem importantes desafios para as empresas e destinos turísticos. As empresas devem afirmar a uniqueness da sua oferta, abandonando procedimentos padronizados e apostar na personalização dos serviços e das experiências. Para além da inovação tecnológica, é fundamental a inovação social integrando-se nas economias e comunidades locais, especialmente em áreas menos privilegiadas.
Os destinos terão de equacionar os impactos a diversos níveis. É importante preencher o vazio regulatório que existe em questões como a segurança, os impostos, concorrência e proteção dos consumidores. É fundamental compreender as novas dinâmicas do mercado e os efeitos na economia: estes serviços mais económicos promovem o aumento de turistas e de gastos no destino? Atraem segmentos adicionais que não teriam visitado o destino se os mesmos não existissem? Estará esta nova configuração de oferta a atrair segmentos de mercado que gastam menos nos locais que visitam, reduzindo os benefícios económicos do turismo? Poderá o mercado de trabalho do turismo vir a ressentir-se?
É necessário que exista um debate contínuo sobre a relação entre a necessária inovação tecnológica no turismo e os novos modelos de negócio, garantindo a competitividade das empresas e dos destinos, quer dos já estabelecidos, quer dos que emergem destas dinâmicas de inovação.
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