Esta é a “maior” mas sobretudo a “mais forte” edição de sempre do doclisboa, garantiu na apresentação da programação Augusto M. Seabra que destacou também a inédita parceria com a Cinemateca de Lisboa. Este ano, marcam presença no festival retrospectivas de três grandes mestres do documentário.
Do holandês Joris Ivens (1898-1989), figura central do género, chegam-nos 39 filmes, das primeiras obras aos seus últimos trabalhos, e ainda os documentários realizados em conjunto com a sua mulher Marceline Loridan, que conduz uma masterclass no dia 19 de Outubro. Destaque para a “How Yukong Moved the Mountais”, uma história de 12 capítulos (leia-se horas) sobre a vida quotidiana na China após a revolução comunista.
Por fim, a retrospectiva Marcel Ophuls que questionou momentos chave da historia, como na obra “Chagrin et La Pietié”, onde denunciou o colaboracionismo francês durante a II guerra mundial, ou “Veillée d´armes”, filmado durante o cerco de Sarajevo onde Ophuls questiona os verdadeiros motivos e métodos da cobertura jornalística.
Produções nacionais e histórias com música
Este ano o festival abre em português, com o filme “José & Pilar”, de Miguel Gonçalves Mendes, e conta com a estreia nacional da curta-metragem de Manoel de Oliveira “Painéis de são Vicente de Fora – Visão Poética”. Oliveira terá mais três obras em exibição da nova secção do festival “O campo e a cidade”. Ao todo, nas várias secções, serão exibidos cerca de 40 filmes de produção portuguesa.
Além das produções nacionais em competição [que pela primeira vez serão distinguidas com prémios monetários], a organização realça “Complexo – Universo paralelo”, de Mário Patrocínio, sobre dois irmãos portugueses que se aventuraram numa favela no Brasil.
A Suíça será o país homenageado na edição deste ano, com destaque para os documentários de Fredi M. Murer e Richard Dindo, que exploram a eterna questão da identidade: o que é ser suíço?
Na secção “Heart Beat” abrem-se as sessões à história do rock, com filmes sobre Frank Zappa, Beatles e Rolling Stones. E também documentários dedicados às músicas do mundo, entre eles “Benda Bilili” sobre o grupo de virtuosos músicos deficientes do Congo, a banda que este ano incendiou os palcos do Festival de Musicas do Mundo.
O filme de encerramento é “My Joy”, primeira ficção do documentarista russo Sergei Loznitsa, estreada no último Festival de Cannes.
Em complemento ao cinema, estará patente a exposição de fotografia do maliano Malick Sidibé (clique aqui para saber mais), que retrata a evolução de costumes do povo do Mali, no Palácio Galveias, em Lisboa.
Toda a programação da oitava edição do DocLisboa pode ser consultada em www.doclisboa.com. A entrada para as masterclasses é livre mas está sujeita ao levantamento prévio de bilhete.