Por exemplo, no casaco de poliéster incorporou-se um módulo de deteção de ruído, um microprocessador e fitas de LEDs, programando-o para reagir às alterações sonoras com cores definidas. O casaco ilumina-se de branco quando está em espaços silenciosos, de azul ou verde perante ruídos moderados e fica vermelho e a piscar intensamente face a sons elevados.
O casaco “Noise” foi testado desde ruas agitadas a praças mais calmas, passando inclusivamente por um bar conhecido pela sua música rock. Com este passeio, procurou-se avaliar a interação entre o som, a luz e o movimento, assim como a reação dos transeuntes perante a representação do som.
“Esta ação leva as pessoas a refletir sobre a poluição sonora, um dos principais fatores relacionados com a degradação do meio urbano, com implicações para a saúde pública”, realça Hélder Carvalho.
A ideia de materializar o ruído nasce da premissa de que “é mais difícil ignorar aquilo que se vê do que aquilo que se ouve”. “Abstraímos-nos facilmente dos sons que nos envolvem, mas dificilmente nos desligamos de imagens que nos rodeiam”, salienta Isabel Cabral, que monitorizou o processo criativo e de design.
A engenharia do têxtil interativo estruturou-se numa peça para teatro, a qual se reveste com recursos tecnológicos no seu interior, “propondo um manifesto de visualidade artística e encenando o mapeamento das zonas de vibração do corpo em detrimento da frequência acústica sonora”.
A idealização dos projetos esteve a cargo dos estudantes André Paiva e Meire Santos, sob alçada da designer Isabel Cabral e dos professores Hélder Carvalho e André Catarino.