A convite dos CTT, o ilustrador científico português Fernando Correia desenhou uma nova série de cinco selos dedicada a cinco diferentes fases do ciclo de vida do lince-ibérico, que foi, recentemente, reintroduzido em Portugal.
A convite dos CTT – Correios de Portugal, o ilustrador científico português Fernando Correia desenhou uma nova série de cinco selos dedicada a cinco diferentes fases do ciclo de vida do lince-ibérico, uma das espécies de felino mais ameaçadas de extinção em todo o mundo e que foi, recentemente, reintroduzida em Portugal.
O biólogo e docente da Universidade de Aveiro (UA) foi desafiado a criar um conjunto de selos que representasse a espécie (classificada como “Criticamente em Perigo” pela União Internacional para a Conservação da Natureza) e o esforço da sua reintrodução em território nacional por intermédio do Centro Nacional de Reprodução do Lince-Ibérico (CNRLI), em Silves.
O trabalho foi realizado ao longo de quatro semanas, durante as quais o ilustrador desenhou e pintou por mais de 12 horas diárias e que se seguiram a vários dias passados no Jardim Zoológico de Lisboa, onde obteve esboços de comportamento dos animais e registos fotográficos, e a ampla pesquisa bibliográfica feita na Internet e com a ajuda de especialistas e fotógrafos profissionais, como António Sabater.
“Sendo uma das espécies mais gráceis e bonitas da nossa fauna, houve todo um cuidado trabalho de planeamento sobre o que cada selo deveria transmitir, isoladamente e em conjunto”, explica, em comunicado divulgado pela UA, Fernando Correia, confessando que o resultado “colheu os melhores elogios da equipa dos CTT Portugal, que acompanhou todo o processo”.
De acordo com o ilustrador, a série filatélica, apresentada a 30 de Abril no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, procurou “construir a história ideal deste novo ciclo de vida do lince-ibérico, narrada em cinco vinhetas (cada uma delas correspondente a um selo) organizadas como se de uma tira de banda desenhada se tratasse”.
Cinco selos, cinco fases da vida do lince
A única condição colocada pelos CTT foi o reconhecimento, num dos selos, do papel do Jardim Zoológico de Lisboa, que, desde Dezembro de 2014, alberga um casal de linces nas suas instalações, contribuindo para a preservação desta espécie endémica da Península Ibérica, bem como para a sensibilização e educação da população.
A primeira vinheta representa, portanto, em cativeiro, este casal reprodutor, cujas ninhadas são, depois, criadas e libertadas na Natureza. O segundo selo coloca, por seu lado, em evidência, a presa favorita do lince quando este está já no seu 'habitat' e plenamente adaptado: o coelho, do qual se alimenta quase exclusivamente.
O terceiro selo representa o momento do descanso, após o repasto, e o quarto ilustra a busca de companhia para a reprodução através do chamamento. A encerrar a série está a representação da reprodução da espécie na Natureza, com a ilustração de uma progenitora rodeada de quatro crias (o número máximo que nasce em estado selvagem), visando simbolizar “o sucesso da missão de reintrodução”.
Um contributo para a preservação da espécie
Segundo Fernando Correia, este foi um desafio que o cativou não apenas por se tratar de um tema que o apaixona enquanto biólogo e ilustrador científico, mas por se constituir como uma oportunidade de dar o seu contributo para a conservação da espécie, divulgando-a por intermédio destas “unidades comunicacionais tão singulares e disseminadas que são os selos”.
Com este contributo, e indiretamente, o ilustrador quis ainda homenagear a fêmea de lince-ibérico Kayakweru, libertada na Natureza no passado dia 7 de Fevereiro e encontrada morta pouco mais de um mês depois, nas redondezas de Mértola, vítima de envenenamento.
A nova emissão filatélica dos CTT de homenagem ao lince-ibérico é composta por quatro selos e um bloco. O selo com maior tiragem (155.000 exemplares) tem um valor facial de 0,45€, havendo também selos com valor facial de 0,55€ e tiragem de 120.000 exemplares, 0,72€ e tiragem de 145.000 exemplares, 0,80€ e tiragem de 115.000 exemplares e um bloco com um selo com valor de 2,00€ e uma tiragem de 40.000 exemplares.
Esta não é a primeira vez que Fernando Correia trabalha na área da filatelia: em 2013, o ilustrador científico tinha já sido convidado pela convidado pela Organização das Nações Unidas (ONU) para desenhar, também em selos, outras quatro espécies de mamíferos ameaçadas de extinção.