A injeção de uma bactéria que vive no solo poderá vir a constituir-se como mais uma estratégia para o combate ao cancro. A conclusão é de um novo estudo que revela que a bactéria é capaz de crescer no interior dos tumores e "matar" o cancro.
A injeção de uma bactéria que vive no solo poderá vir a constituir-se como mais uma estratégia para o combate ao cancro. A conclusão é de um novo estudo preliminar de pequenas dimensões, que revela que a bactéria é capaz de crescer no interior dos tumores e matar as células cancerígenas.
Um grupo de investigadores do M.D. Anderson Cancer Center, em Houston, nos EUA, injetou em seis pacientes uma estirpe enfraquecida da bactéria Clostridium novyi-NT (C. novyi-NT) , familiar próxima da bactéria que causa o botulismo, removendo-lhe as toxinas perigosas para a tornar inofensiva.
Além de desencadear uma resposta imunitária do organismo contra o cancro, a bactéria conseguiu destruir os tumores a partir do interior, preservando as células saudáveis e atacando somente as células cancerígenas, desvendou a equipa durante um simpósio anual sobre Oncologia que decorreu, recentemente, na Flórida, EUA.
“Quando os tumores alcançam um determinado tamanho, parte deles não recebe oxigénio, o que os torna resistentes aos tratamentos convencionais como a radiação e a quimioterapia”, explica, em comunicado, Ravi Murthy, um dos autores do estudo e professor de radiologia intervencional.
De acordo com Murthy, “[a bactéria] C.novyi-NT é capaz de proliferar sob este tipo de condições, de se hospedar nas áreas de baixo oxigénio e de destruir os tumores a partir de dentro, poupando os tecidos normais”.
“Basicamente, a C.novyi-NT causa uma infeção no tumor com potencial para matar o cancro”, acrescenta Filip Janku, coordenador da investigação e também docente do M.D. Anderson Cancer Center.
Apesar destas observações, e de cinco dos seis pacientes que receberam a injeção ainda estarem vivos (um deles morreu de outras causas alguns meses depois), a investigação terá ainda de ser publicada numa revista científica da área, pelo que os resultados devem ser considerados “preliminares” e exigirão ainda estudos mais profundos.
Notícia sugerida por António Resende