Cientistas britânicos acreditam ter descoberto a causa de um dos mais mortíferos tipos de cancro da mama, o triplo-negativo. Os investigadores identificaram um novo gene que pode ser responsável pelo seu desenvolvimento e progressão.
Cientistas britânicos acreditam ter descoberto a causa de um dos mais mortíferos tipos de cancro da mama, o triplo-negativo. Os investigadores identificaram um novo gene que é especialmente ativo em subtipos agressivos da doença, o BCL11A, e que pode o ser responsável pelo seu desenvolvimento e progressão.
O estudo de uma equipa do Wellcome Trust Sanger Institute, em Cambridge, no Reino Unido, publicado este mês na revista científica Nature Communications, debruçou-se sobre células humanas e de ratinhos e traz aos especialistas a hipótese de explorar novos caminhos no que toca ao combate a este tipo de tumor.
Em comunicado, o instituto britânico explica que existem diversos tipos de cancro da mama e que todos eles respondem de forma diferente aos tratamentos disponíveis. Em média, cerca de apenas uma em cinco pacientes é afetada pelo cancro da mama triplo-negativo, particularmente perigoso por não responder à terapia hormonal utilizada noutros casos.
Embora estejam a ser explorados novos tratamentos, o prognóstico para este tipo de cancro continua a estar entre os menos otimistas, o que, esclarecem os cientistas, justifica a importância desta descoberta.
A equipa do Wellcome Trust Sanger Institute analisou cerca de 3.000 casos de cancro da mama, procurando examinar as alterações causadas aos genes que afetam o comportamento das células estaminais e os tecidos em desenvolvimento, já que trabalhos anteriores sugeriam que, quando sofriam mutações, esses genes, entre eles o BCL11A, podiam servir de rastilho ao desenvolvimento do cancro.
“A compreensão dos genes que levam ao crescimento das células estaminais permitiu-nos investigar as consequências que o organismo sofre quando estes genes começam a funcionar mal”, explica Pentao Liu, principal autor do estudo, que acrescenta que “a atividade do BCL11A se destacou por ser tão ativo em cancros triplo-negativo”.
Gene poderá ser alvo de futuras terapias
Os investigadores detetaram elevados níveis de BCL11A em 8 dos 10 pacientes com um subtipo de cancro da mama agressivo, estando estes níveis associados a tumores mais avançados. Os casos em que foram identificadas cópias adicionais do BCL11A nos tumores correspondiam, também, a uma menor esperança de vida.
“O nosso estudo genético com células humanas marcou, claramente, o BCL11A como um novo causador do cancro da mama triplo-negativo”, realça Walid Khaled, que também participou no estudo. “Além disso, provámos que acrescentar um gene BCL11A ativo a células humanas ou de ratinhos com cancro da mama as levou a comportarem-se como células cancerígenas”, acrescenta.
Por outro lado, quando a atividade do BCL11A foi reduzida em três amostras de células cancerígenas, as células perderam algumas das suas caraterísticas oncológicas e viram enfraquecida a sua capacidade de levar ao desenvolvimento de tumores.
Numa experiência com ratinhos em que o gene foi desativado, nenhum dos animais desenvolveu cancro da mama, ao passo que todos os animais não tratados o desenvolveram.
A descoberta deverá permitir aos especialistas encontrar mais tratamentos alternativos para este tipo de cancro da mama e a equipa acredita que o BCL11A poderá ser um forte candidato a transformar-se em alvo de futuras terapias.
Clique AQUI para aceder ao estudo (em inglês).
Notícia sugerida por António Resende