Impossível parar de dançar perante os sons eletrizantes que Cheik Tidiane Seck e Mamani Keita e os seus músicos virtuosos trouxeram do Mali. Energia que se prolongou quando os congoleses Staff Benda Bilili ocuparam o palco. Final de festa com as bati
Impossível parar de dançar perante os sons eletrizantes que Cheik Tidiane Seck e Mamani Keita e os seus músicos virtuosos trouxeram do Mali. Energia que se prolongou quando os congoleses Staff Benda Bilili ocuparam o palco. Final de festa com as batidas reggae de U-Roy e o kuduro com influências lusas dos Batida. Apesar dos cortes orçamentais, o Festival Músicas do Mundo está vivo e recomenda-se.Os concertos da noite, no castelo, abriram com a espanhola Lole Montoya que trouxe consigo sons flamencos. Apostada em transformar o flamenco numa música de paz e amor, Montoya consegue canções harmoniosas, sim. Mas falta-se a fúria e o desespero dos ciganos que se ouvem nas casas flamecas de Madrid e Barcelona.
Perante um público ainda arrefecido, Cheick Tidiani Seck e a sua convidada Mamani Keita levaram o recinto [nesta altura já completamente cheio com cerca de 9 mil espetadores] do castelo de Sines numa viagem vertiginosa por sons originais do Mali, na sua tradição madinga, mas também através do rock puro e duro, do soul e do jazz. Com pontos altos nos solos eletrizantes do guitarrista Hervé Sambé e do baixista Guy Nsangué que provocaram momentos de delírio entre a multidão.
A euforia continuou, depois, pela mão dos Staff Benda Bilili [na foto]. Formados a partir de um grupo de músicos de rua paraplégicos do Congo, os Bilili vieram mostrar que “as aparências por vezes iludem” [tradução livre do nome da banda para português].
Pelo palco passou o seu multi premiado álbum de estreia “Três, Três Fort”. Música indomável que protesta contra a apatia e a discriminação. Mesmo sem perceber as letras, o público acompanhou, incansável, sempre que pôde, com a voz ou o corpo ao ritmo desta música onde a tradição se funde com o presente e o futuro.
Raggae, funk e kuduro a fechar as cortinas
Na praia, seguindo a aposta do FMM no reggae que o ano passado trouxe a Sines Lee Scratch Perry, foi a vez do veterano U-Roy. Reggae da Jamaica, pausado e pulsado, que além de temas de álbuns como “Dread in Babylon” também passou pelo mítico Bob Marley, com clássicos como “Soul Rebel”.
E foi a louca euforia sonora e visual dos luso-angolanos Batida que encerrou em grande – apesar de algumas falhas de som e da insistência de alguns membros da plateia em saltar para o palco – a 12º edição do festival. O kuduro, o funk e a electrónica reinventados pelas mãos do Dj Mpula e a sua equipa, acompanhados em palco pela dança hipnotizante de Daniela Sanhá e Bernardino Tavares, cumpriram o prometido: “esta festa é para arrasar”!
O FMM veio para ficar
Mas a festa completou-se, mais uma vez, através de várias iniciativas gratuitas, com os ciclos de cinema do Centro de Artes, encontros de escritores, ateliêrs e teatro para crianças, e a nova feira do livro e do disco na capela da Misericórdia.
Apesar dos cortes orçamentais que levaram à redução dos dias de festival, com o fim dos concertos de Porto Côvo, o FMM confirma-se, nesta 12ª edição, como um festival que está para ficar. Sábado, a noite mais concorrida, contou com cerca de 9 mil espectadores nos concertos pagos do castelo e 15 mil nos concertos gratuitos da praia, segundo números avançados pela organização.