por Patrícia Maia
Num mundo saturado de imagens, Asher acredita que para marcar a diferença, enquanto fotógrafo, é preciso ir mais longe. “Não penso que os 'smartphones' e as câmaras digitais ameacem a nossa carreira, mas tento acrescentar algo de mais valioso, aliando as minhas imagens à minha vontade de contar estórias”, explica em entrevista ao Boas Notícias, a partir de Israel.
Para encontrar uma boa estória, é preciso procurar. Depois de trabalhar três anos como fotógrafo do exército e dois anos na área da publicidade, Asher conseguiu juntar dinheiro para ir atrás dos seus instintos e encontrar o que procurava.
“Fiz muitas coisas que não queria como fotógrafo”
“Tentei trabalhar como foto jornalista mas percebi que não havia dinheiro: estavam sempre a pedir-me para trabalhar de graça. O que consegui, durante dois anos, foi trabalhar para publicidade. Fotografei produtos, embalagens, joias… Fiz muitas coisas que não queria mas durante esses dois anos consegui poupar dinheiro para as viagens”, recorda.
Asher começou por viajar até à China, onde lhe disseram que “conseguiria boas imagens para vender”. “Mas desde o dia em que saí de Israel com destino à China, tudo o que aconteceu, de bom e de mau, conduziu-me a esta reportagem. Não foi planeado, foi como se estivesse a ser conduzido. Só percebi isso no final mas foi o que aconteceu”, explica.
Asher decidiu seguir a sua voz interior: “Estava intrigado pela Mongólia porque não encontrei praticamente informação nenhuma sobre o país. Se perguntares a qualquer pessoa no mundo que te diga qualquer coisa sobre África ou sobre Nova Iorque, as pessoas conseguem dizer qualquer coisa. Mas a Mongólia é um mistério. Há quem nem saiba que existe. Isso intrigou-me. Quis ser eu a contar a estória desse país, quis ver com os meus próprios olhos”.
Esteve 40 dias na Mongólia a fotografar. Contratou um tradutor para ficar “mais próximo das pessoas”, percorreu quilómetros a cavalo. Foi em Ulgii, uma cidade na zona oeste do país, que ouviu falar nos caçadores-águia. Na Mongólia, esta é uma tradição com vários séculos. Os caçadores são iniciados por volta dos 13 anos, altura em que já têm força para segurar uma águia com as mãos. As aves são domesticadas desde bebés e são usadas para caçar animais como raposas ou marmotas.
Asher está de novo em Israel mas vai regressar, já este Verão, à Mongólia, para trabalhar com as Nações Unidas na preservação das tradições mongóis junto das gerações mais novas.
Para breve, o jovem fotógrafo espera fazer uma reportagem sobre o xamanismo, na Sibéria, “porque é um daqueles temas sobre o qual não há informação”, explica. E de onde virá o dinheiro? Asher tem a resposta preparada: “Senão arranjar dinheiro vou financiar eu a viagem. Precisamos acreditar em nos próprios!”.
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