Em 10 pólos espalhados pelo concelho, os 120 alunos do programa E-mili@ são formados de acordo com a sua idade e experiência de vida: “Tendo em conta que estamos a promover educativamente estas pessoas, nas aulas debatem-se temas atuais que elas possam depois discutir com os amigos e com a família”, explica a coordenadora do programa, Cristina Barbosa, à agência Lusa.
As aulas de alfabetização, nas quais participam 25 idosos – uns em situação de pré-reforma; outros já perto dos 90 anos e a viverem em lares -, são as que mais satisfação oferecem aos alunos.
Muitos não frequentaram a escola ou, se o fizeram, esqueceram as noções mais básicas da escrita e da leitura. Mas o processo envolve, também, a aprender a saber utilizar a caneta, dominando todas as condicionantes que afetam a coordenação motora destes alunos da terceira idade.
“A aprendizagem pode ser dificultada por causa da artrite, da doença de Alzheimer ou de um AVC [Acidente Cardiovascular]”, explica Cristina Barbosa. “Até o quadro da sala tem de ser posto de parte durante as aulas, porque visualizar o que escrevem lá é um problema para a maioria destas pessoas e faz-lhes muita confusão”.
Cada passo em frente é, por isso, motivo de grande satisfação. Trata-se de uma importante ferramenta de inclusão social, mas também de auto-estima e realização pessoal. “Agradeço às alminhas dos meus pais que nos puseram a todos na escola, mas vim para cá reciclar os meus conhecimentos, aprender coisas novas e conviver com as pessoas”, refere Maria Adelaide, de 85 anos.
“Acho que nunca é tarde de mais para aprender o que quer que seja. Se as pessoas da nossa própria família não vêem isso e nos dizem que já não vale a pena, não estão a ser boas para nós”, defende, em jeito de conselho.
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