Um dispositivo português que permite detetar a doença do nemátode do pinheiro muito antes de os sintomas se revelarem valeu a uma equipa multidisciplinar de Coimbra a conquista de um prestigiado prémio em Barcelona.
Um dispositivo português que permite detetar a doença do nemátode do pinheiro (conhecida também por murchidão do pinheiro) muito antes de os sintomas se revelarem valeu a uma equipa de Coimbra a conquista de um prestigiado prémio na Conferência Biodevices 2013, que decorreu recentemente em Barcelona.
Durante o evento reuniram-se naquela cidade espanhola cientistas e profissionais de todo o mundo e das mais diversas áreas do conhecimento e a tecnologia, desenvolvida pelos investigadores da Universidade de Coimbra (UC) e da Escola Superior Agrária de Coimbra (ESAC) e já protegida por patente provisória, foi distinguida com o galardão de “Best Student Paper Award”.
Em comunicado enviado ao Boas Notícias, Elisabeth Borges, uma das criadoras do dispositivo que deteta a doença do pinheiro, explicou que este é um método “muito simples” que “permite aceder rapidamente à assinatura elétrica de um material biológico”, ou seja, “obter informação acerca da fisiologia do material.
O dispositivo é composto por dois elétrodos, colocados no tronco da árvore a cerca de 30 centímetros do solo – um dos quais injeta um sinal de corrente ou tensão, enquanto o outro recolhe o sinal gerado por essa estimulação – e por um sistema de aquisição de dados, desenvolvido pela equipa, que permite converter estes sinais analógicos em sinais digitais para posterior análise.
Através da análise da resposta a esta “provocação” injetada pelo elétrodo em múltiplas frequências, os especialistas conseguem obter a assinatura elétrica do material, tendo depois de se dedicar à interpretação dos sinais obtidos, um processo de elevada complexidade já que a resposta fisiológica tem muitas variantes.
Segundo a aluna de doutoramento em Engenharia Biomédica da Universidade de Coimbra, o sistema é “capaz de identificar precocemente se um tecido está saudável ou danificado, o nível de dano, etc.”
Sistema poderá ajudar a evitar abate das árvores
No caso do nemátode do pinheiro, esclareceu a investigadora, este dispositivo assume particular relevância porque pode invalidar o avanço da doença e consequente abate das árvores, que, atualmente, é a única “solução” disponível de acordo com a lei quando a patologia é detetada.
De acordo com a cientista, a grande mais-valia da tecnologia portuguesa é o facto de “ser minimamente invasiva, rápida e mais vantajosa financeiramente em comparação com as técnicas laboratoriais”.
“Com este dispositivo”, que recorre a um método designado cientificamente por espectroscopia de impedância elétrica para obter resultados e que “ainda terá de ser otimizado para poder entrar no mercado, é possível conseguir um prognóstico quase instantâneo”, conclui Elisabeth Borges.
Ao longo da investigação, iniciada em 2010, foram utilizados pinheiros jovens. A equipa induziu a doença nas árvores, recolheu e processou as respostas fisiológicas.
Agora, os investigadores vão também explorar a utilização desta tecnologia na análise de sementes de Jatropha – uma espécie de planta existente em África, na América do Norte e nas Caraíbas – para a produção de biodiesel e em alimentos para a avaliação das condições de segurança alimentar.