"Entroikado". É esta a palavra do ano de 2012, escolhida pelos cibernautas no site criado pela Porto Editora com vista à eleição do vocábulo que marcou a atualidade do país nos últimos 12 meses.
“Entroikado”. É esta a palavra do ano de 2012, escolhida pelos cibernautas no site criado pela Porto Editora com vista à eleição do vocábulo que marcou a atualidade do país nos últimos 12 meses. A palavra vencedora foi revelada esta sexta-feira na Biblioteca José Saramago, em Loures.
A votação estavam 10 palavras que, na sua maioria, refletiam os desafios e dificuldades com que os portugueses se debatem durante o ano que passou, como “desemprego”, “cortes”, “imposto” ou “manifestação”. Entre as possibilidades estavam também a “solidariedade” e a “democracia”, mas acabou por ser a palavra “entroikado” a ganhar a preferência dos utilizadores.
As 10 palavras foram escolhidas pela equipa de linguistas do Departamento de Dicionários da Porto Editora tendo como critérios “a frequência de uso, a relevância assumida” ou “simplesmente” a relação “com algum tema muito marcante” para a sociedade, explicou a organização.
“Entroikado” vocábulo venceu com 32% dos votos, mais do dobro da palavra “desemprego”, que ficou em segundo lugar, tendo sido alvo de 14% das escolhas. Na terceira posição, a completar o pódio, surge “solidariedade”, que abundou em 2012 e conquistou 12% dos votos.
Segundo a definição do Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, “entroikado” significa “sujeito às condições de austeridade impostas pela troika (equipa que negociou as condições de resgate financeiro em Portugal e é constituída por responsáveis da Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional”.
Em linguagem coloquial, pode também significar “[alguém] que está numa situação difícil; tramado; lixado”, lê-se no dicionário.
Palavra vencedora “é um neologismo”
Questionado pela Lusa sobre a palavra escolhida, José Manuel Matias, da Sociedade de Língua Portuguesa (SLP) afirmou que a vencedora é um “neologismo”, ou seja, corresponde à criação de uma nova expressão – “o que é legítimo, porque as línguas são dinâmicas e estão em constante transformação”, acrescentou.
O especialista disse que “[entroikado] não é um vocábulo” já que, “para o ser, tem de constar no dicionário” (algo que, a acontecer, apenas será “daqui a dois ou três anos”) e reconheceu que a escolha é sugerida pela conjuntura-económico social, qualificando-a como “uma brincadeira”.
Desde 2009 que os portugueses são convidados pela Porto Editora, que tem uma forte componente de especialização na área dos dicionários e da lexicografia, a eleger a palavra do ano.
No primeiro ano, a palavra eleita foi “esmiuçar”. Em 2010 a vencedora foi “vuvuzela” e, em 2011, foi eleita a palavra “austeridade”, que, naquele ano, relegou a “esperança”, também a votos, para segundo lugar.
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