Uma tecnologia pioneira que permite a recuperação e valorização dos resíduos da indústria dos laticínios é a nova aposta do Departamento de Engenharia Biológica (DEB) da Universidade do Minho.
Uma tecnologia pioneira que permite a recuperação e valorização dos resíduos da indústria dos laticínios é a nova aposta do Departamento de Engenharia Biológica (DEB) da Universidade do Minho (UMinho), que se encontra a trabalhar em parceria com a spin-off Biotempo – Consultoria em Biotecnologia. Esta biorrefinaria permitirá que os subprodutos sejam totalmente recuperados e convertidos noutros produtos de valor acrescentado.
Em comunicado, a UMinho explica que esta unidade, que já está em testes, transforma o soro do queijo em mais de uma dezena de produtos a serem utilizados em vários setores de produção, desde a alimentação à saúde, passando pela coméstica.
A biorrefinaria terá capacidade para tratar diariamente um milhão de litros de resíduos, não apenas o soro do queijo mas também o leite e iogurte estragado ou fora do prazo.Os subprodutos tratados darão origem por exemplo, a concentrados proteicos para o setor alimentar, prébioóticos, bioetanol, lactose refinada e água ultrapura para a indústria farmacêutica, bem como sais para a agricultura.
As águas residuais resultantes da lavagem de máquinas e camiões e a biomassa produzida serão também reencaminhadas para uma “unidade de digestão anaeróbia” e transformadas em biogás para a posterior produção de energia elétrica.
“O processo desenvolvido vai ter um impacto económico relevante nesta região, uma vez que permitirá acrescentar valor a um subproduto que, atualmente, é um problema ambiental grave”, acredita José Teixeira, professor catedrático do DEB e coordenador científico do projeto.
“A capacidade instalada, a tecnologia pioneira e as caraterísticas dos produtos obtidos, bem como a ausência de efluentes, garantem o sucesso desta biorrefinaria que se espera que venha a constituir uma unidade industrial de referência no setor lácteo”, antevê o responsável.
Desde o início dos anos 90 que o DEB tem apostado na valorização do soro do queijo, estando previsto um investimento de cerca de 35 milhões de euros e, numa fase mais adiantada, o alargamento da tipologia de resíduos a tratar e a instalação desta biorrefinaria, em fase de testes, em Portugal e noutros países do mundo. Uma destas unidades, construída à escala industrial, deverá ser, ainda este ano, instalada no Brasil.