“Trata-se do maior congresso médico que alguma vez existiu em Portugal, com mais de 18 mil pessoas, a maioria médicos, mas também outros profissionais ligados à saúde e à indústria farmacêutica”, disse à agência Lusa Luís Gardete, responsável pela organização do evento e presidente da Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal.
Luís Gardete sublinhou ainda que, por causa deste encontro – que decorre de 12 e 16 deste mês -, os quartos de hotel de Lisboa estão todos esgotados e já há pessoas a dormir a 100 quilómetros de distância ou a alugar quartos particulares.
No congresso anual da EASD – European Association for the Study of Diabetes, instituto europeu com sede em Dusseldorf, serão apresentados todos os temas relacionados com a doença, como as suas complicações, as várias opções de tratamento, relação entre diabetes e cancro ou novas medicações, entre outros temas.
Estão previstas 1.200 comunicações, entre orais e 'posters', e todos os dias haverá uma “lecture”, que são temas principais muito fortes, que dão uma lição ou fazem um ponto da situação, disse.
Portugal tem 42 trabalhos apresentados e aceites, destacou o responsável, sublinhando que “este é um número muito bom que nos coloca à frente de outros países europeus, como a Suíça”.
40% dos diabéticos não estão diagnosticados
Luís Gardete lembrou que as estimativas apontam para a existência de um milhão de diabéticos em Portugal, 40 por cento sem diagnóstico feito.
“O diagnóstico precoce é importante para não haver complicações, que podem ser várias como a retinopatia, que pode conduzir à cegueira, e a nefropatia, que pode levar à insuficiência renal ou o enfarte do miocárdio”, realçou.
Além disso, há uma redução de esperança de vida significativa nas pessoas não controladas. O diagnóstico não é feito na maior parte das vezes porque as pessoas não têm sintomatologia, apenas pequenas manifestações que não chamam a atenção, acrescentou.
Jovens Diabéticos chegam ao ponto mais alto de Portugal
Nas vésperas da abertura do Congresso, a Associação de Jovens Diabéticos de Portugal anunciou que cumpriu, com êxito, a expedição ao Pico, o ponto mais alto de Portugal, situado a 2.351 metros acima do nível médio do mar. Esta iniciativa inédita, que decorreu de 4 a 10 de setembro, tem por objetivo desmistificar a ideia da diabetes como doença incapacitante.
A equipa de vinte diabéticos – de tipo 1 e tipo 2 e com idades entre os 17 e os 58 anos – chegou ao topo do Pico no dia 7 de setembro e depois realizou uma caminhada da zona das Torrinhas ao Cabeço do Curral da Sena, desceu às grutas das Torrinhas e fez escalada em rocha na Baía de Canas.
A Associação de Jovens Diabéticos de Portugal promove, há quinze anos, iniciativas que pelo seu carácter inédito e arrojado ajudam os jovens diabéticos a enfrentar os estigmas com que a sociedade, família e amigos ainda os encaram.
É o exemplo da subida ao Kilimanjaro, em 2005, e ao Aconcágua, em 2009, na qual os jovens portugueses foram os primeiros diabéticos insulinodependentes do mundo a subir com sucesso a Via Transversa dos Polacos.