O Movimento Zero Desperdício já salvou do lixo 1,3 milhões de refeições, distribuindo-as por famílias carenciadas de quatro municípios portugueses. O projeto deve chegar a mais uma autarquia até ao final do ano.
O Movimento Zero Desperdício já salvou do lixo 1,3 milhões de refeições, distribuindo-as por famílias carenciadas de quatro municípios portugueses. O projeto, da responsabilidade da associação DariAcordar, deve chegar a mais uma autarquia até ao final do ano.
O anúncio foi feito por António Costa Pereira, presidente da associação e responsável pelo Movimento, a propósito do Dia Mundial da Alimentação, que se assinala esta quinta-feira. Citado pela Lusa, o dirigente revelou que o Zero Desperdício “continua a crescer na adesão de novos doadores”.
O objetivo do projeto é recolher as refeições excedentárias de várias organizações, como empresas, cantinas públicas, hotéis ou supermercados, e encaminhá-las, posteriormente, para agregados familiares com dificuldades económicas que são sinalizados pelas instituições de solidariedade social e pelas freguesias dos concelhos de Lisboa, Loures, Sintra e Cascais.
“Recuperámos mais de 1,3 milhões de refeições que anteriormente iam para o lixo e todo o trabalho da DariAcordar possibilitou tornar legal esta recuperação”, destaca António Costa Pereira, referindo-se à maior conquista da associação: ter conseguido o apoio da ASAE para reinterpretar a Lei da Saúde Pública que proibia a doação e redistribuição de refeições alegadamente por questões sanitárias ao nível do transporte.
O objetivo do Movimento Zero Desperdício é chegar a todo o país e, até ao final do ano, haverá mais uma câmara municipal a aderir, “havendo já contactos com a universidade local para recuperar refeições, mas também para trabalhar todo o 'know-how' que possa dar através de estudos de impacto social, económico e ambiental”, desvendou o responsável.
Em suma, pretende-se “não desperdiçar meios que já existem: uma lei que permite [esta prática], os parceiros que doam refeições e as instituições locais que têm capacidade de rapidamente fazer chegar os excedentes alimentares às pessoas que necessitam”, resumiu António Costa Pereira.
Além disso, o Zero Desperdício ambiciona contribuir para se irem descobrindo vários tipos de desperdício, nomeadamente na agricultura e na produção, para incentivar outros projetos semelhantes, o que já aconteceu, por exemplo, com os casos da Fruta Feia ou da Refood.
Os três movimentos vão, aliás, participar, no Fórum “Inovação Agroalimentar: Oportunidades e Desafios no Combate ao Desperdício”, que irá juntar em debate, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, esta quinta-feira, investigação, produção, transformação, distribuição, restauração, defesa do consumidor e organizações não governamentais (ONG).