O grupo espanhol Inditex, proprietário da marca Zara, anunciou esta semana, na Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados do Brasil, a criação do número verde para denúncia de trabalho escravo. O telefone para denunciar eventuais novos casos é 0800 770 9242 e funciona apenas no Brasil.
As investigações das autoridades brasileiras identificaram, em agosto, duas oficinas de costura, na periferia de São Paulo, onde 15 bolivianos estavam sujeitos a trabalhar cerca de 15 horas por dia e recebiam 2 reais (cerca de 80 cêntimos) por peça fabricada. O ambiente era pequeno, sujo, sem ventilação e desprovido das mínimas condições de trabalho.
A empresa comprometeu-se ainda, através de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério do Trabalho brasileiro, a monitorizar toda a cadeia produtiva dos seus fornecedores e afirmou que pretende indemnizar os 15 bolivianos, assim que o ministério terminar de analisar o caso.
Na audiência da Comissão de Direitos Humanos, um representante da direção da Zara afirmou que a companhia não se considera culpada pelo ocorrido e que a empresa foi vítima de uma situação criada por terceiros da qual não estava a par. No entanto, segundo a imprensa brasileira, o responsável, Jesus Echevarria, pediu “desculpa” por a empresa não ter antecipado a situação.
A Zara tem 31 lojas no país, em 15 cidades, que geram 2 mil empregos diretos. Ao todo, o grupo recebe roupas produzidas e costuradas por 50 fornecedores no Brasil. O país é o terceiro mercado da Inditex nas Américas, depois do México e dos EUA.
[Notícia sugerida por Vítor Fernandes]