Sociedade

Wicla: Uma ‘tricicleta’ portuguesa de madeira e cortiça

Chama-se Wicla e é uma "tricicleta" de madeira com selim de cortiça, motorização elétrica e assinatura portuguesa. Esta bicicleta urbana de três rodas está a ser desenvolvida por um grupo de alunos do Minho e pode vir a servir propósitos turísticos.
Versão para impressão
Chama-se Wicla e é uma “tricicleta” de madeira com selim de cortiça, motorização elétrica e assinatura portuguesa. Esta bicicleta urbana de três rodas, em fase de protótipo, está a ser desenvolvida por um grupo de alunos do Minho e, no futuro, poderá ajudar a explorar as cidades de pés nos pedais e olhos na paisagem.
 
 por Catarina Ferreira
 
“A ideia surgiu como um desafio próprio no âmbito do Mestrado em Design Integrado do Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC) e relacionada com o desenvolvimento de um serviço de mobilidade urbana alternativa”, conta Ermanno Aparo, coordenador do curso e líder do Projeto Raiooo, responsável pela criação da bicicleta, em entrevista ao Boas Notícias.
 
Com os seus 38 quilos de peso, a Wicla distingue-se por “ser um triciclo urbano sustentável e alternativo à oferta da clássica bicicleta”, descreve o professor italiano, licenciado em Arquitetura pela Universidade de Palermo que atualmente dá aulas em Portugal.
 
A criação do protótipo do veículo de três rodas, produzido “quase por completo por empresas de Viana do Castelo e empresas que pouco ou nada tinham relacionado com o mundo do pedal”, contou com o apoio de grandes nomes empresariais portugueses, como a Corticeira Amorim, que forneceu a cortiça para o selim da Wicla com o objetivo de proporcionar aos ciclistas um conforto redobrado. 
 
Já para assegurar a beleza do produto final, Ermanno Aparo, Manuel Ribeiro – docente e doutor em Engenharia de Materiais – e os 19 estudantes do 1º ano de mestrado de Viana do Castelo que, durante meses, trabalharam no projeto, optaram por usar a madeira como principal matéria-prima, ocultando os inestéticos fios e baterias inerentes à aparelhagem elétrica e utilizando, também, outros materiais, como a borracha e o alumínio.
 
A decisão de fabricar uma bicicleta com três rodas, escolhidas em detrimento das tradicionais duas, foi tomada, explica Aparo ao Boas Notícias, “para facilitar a utilização do veículo para todos os possíveis e potenciais utilizadores que, normalmente, são excluídos deste tipo de transporte”, chegando-se, assim, a todos os grupos populacionais e faixas etárias. 
 
O projeto está a ser apadrinhado por Rui Sousa, ciclista profissional da equipa do Boavista, que já experimentou a bicicleta (e gostou). Entre as empresas envolvidas nesta criação nacional estão, além da Corticeira Amorim, a APPACDM, QBrothers e Irmãos Jamome, todas de Viana do Castelo, a Ciclos Terra, de Esposende, a Rodi, de Águeda, e a companhia espanhola Ruedas Elétricas, de Madrid.

Futuro da Wicla pode passar pelo “bike sharing”
 

A Wicla, batizada “por sondagem nas redes sociais” – Beca era o outro nome a votação -, foi apresentada ao público no final de Julho na Oficina Cultural do IPVC e vai ser patenteada, mas os seus criadores não ambicionam introduzi-la no circuito comercial.
 
“A colocação direta no mercado não é, de todo, um objetivo nosso”, admite Ermanno Aparo. “O nosso objetivo, enquanto instituição de ensino, é proporcionar uma possibilidade concreta de trabalho para os nossos alunos”, esclarece o docente.
 
Neste sentido, adianta o responsável ao Boas Notícias, a equipa envolvida no Raiooo vai “trabalhar para a criação de uma plataforma que possa proporcionar a continuação do projeto englobando os alunos”, o que poderá passar, por exemplo, por uma aposta na utilização da Wicla para fins turísticos. 
 
Além disso, professores e alunos estão em contacto com entidades internacionais, nomeadamente universidades e centros de investigação de países como a Itália, a França, a Dinamarca ou os EUA, “que tiveram experiências parecidas ou estão a desenvolver projetos em plataformas similares” e com as quais está a ser “construído um diálogo”. 
 
Por enquanto não há certezas em relação ao futuro próximo desta tricicleta portuguesa, mas os mentores garantem estar, eles próprios, a “pedalar” no sentido de construir este futuro. 
 
“Não sabemos os 'timings', porque não dependem de nós”, confidencia Aparo ao Boas Notícias. “Em boa verdade, a tricicleta está a funcionar. Em relação a um possível serviço não podemos adiantar nada. [Para já], só dizer que se está a concretizar algo”, revela.

Entre as eventuais possibilidades está uma aposta no conceito de “bike sharing” que transforme a Wicla num veículo partilhado pelos cidadãos.

Clique AQUI para aceder à página oficial do Projeto Raiooo no Facebook, onde poderá acompanhar todas as novidades sobre a evolução da Wicla. 

Comentários

comentários

PUB

Live Facebook

Correio do Leitor

Mais recentes

Passatempos

Subscreva a nossa Newsletter!

Receba notícias atualizadas no seu email!
* obrigatório

Pub

Este site utiliza cookies. Ao navegar no site estará a consentir a sua utilização. Saiba mais aqui.

The cookie settings on this website are set to "allow cookies" to give you the best browsing experience possible. If you continue to use this website without changing your cookie settings or you click "Accept" below then you are consenting to this.

Close