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Web Summit 2016: Expetativas superadas

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Em primeiro lugar porque foi a primeira edição fora do berço onde nasceu – Dublin, na Irlanda; em segundo, porque superou todas as expetativas iniciais.

De 7 a 10 de novembro, eram esperados 50 mil participantes de mais de 150 países. A verdade é que rumaram a Lisboa 53 036 pessoas de 166 nacionalidades para, durante quatro dias, interagirem com mais de duas mil start-ups, 600 oradores, 1500 investidores, sete mil CEO e mais de 1500 jornalistas. Nesta última categoria, inclui-se a i9 magazine que fez a cobertura deste que é um dos maiores eventos tecnológicos da Europa.

Foram cerca de 21 cimeiras e mais de 15 palcos para sessões de debate, além de inúmeros eventos paralelos, organizados por instituições e empresas, um pouco por toda a capital portuguesa.

O lançamento

O dia 0 da Web Summit começou com longas filas para a tão esperada entrada no Meo Arena.

Ao final da tarde, todos queriam marcar presença naquele que ia ser o momento de arranque da Web Summit.

De facto, a sala esgotou para acolher Paddy Cosgrave, que deu as boas-vindas a Portugal. Após as primeiras sessões, nas quais estiveram presentes o ex-Presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, e o ator Joseph Levitt, seguiu-se a grande abertura do evento.

O anfitrião recebeu as chaves da cidade de Lisboa, da mão de Fernando Medina, Presidente da Câmara Municipal, tendo depois chamado ao palco todas as start-ups que iriam estar presentes na Web Summit. O primeiro-ministro, António Costa, o secretário de estado da indústria, João Vasconcelos, Jaime Jorge, da Codacy e Miguel Amaro, da UniPlaces, juntaram-se para uma contagem decrescente que culminou com o lançamento de dias repletos de meetings, conferências, diversão e muita agitação!

Dia de arranque fervilhou com múltiplas temáticas

Entre o palco central – no Meo Arena – e mais sete locais dedicados a temas tão diversos como Sportstrade, HealthConf, Future Societies, Saas Monster, Music Notes, Autotech & TalkRobot, MoneyConf, Content Makers, Startup University e Modum, Creatiff, B1nate.i0, Fullsik e PandaConf, o primeiro dia de conferências foi um dos mais movimentados na Web Summit.captura-de-ecra-2016-11-23-as-16-10-56

Mike Schorepfer, CTO do Facebook, deu o mote para sabermos o que podemos esperar das redes sociais daqui a dez anos. Conetividade, inteligência artificial e realidade virtual vão (e já estão a) revolucionar a forma como comunicamos. A possibilidade de qualquer um de nós ir para o espaço e o desafio que as soluções wireless enfrentam nas zonas urbanas foram alguns dos temas que o profissional abordou.

Nicolas Brusson, CEO da Blablacar – a maior plataforma europeia de carpooling (viagens partilhadas) -, debruçou-se sobre as formas de condução do futuro. Defende que o serviço Blablacar difere de outros como a Uber ou Cabify, uma vez que é usado, na sua maioria, para boleias em viagens de longa distância e não tanto para deslocações dentro da cidade. Nicolas defende que este “modelo de comunidade partilhada está a evoluir para distâncias mais curtas”, sem substituir o serviço de táxi que é mais caro”. O CEO dá o exemplo: “ontem paguei 18 euros, do meu Airbnb aqui em Lisboa, para ir ter ao restaurante onde tinha sido convidado para um jantar, e na Blablacar com 18 euros podia ir de Lisboa ao Porto!”.

A procurar integrar mais tecnologia, como georreferenciação e monitorização automóvel, Nicolas pretende tornar o serviço Blablacar ainda mais mobile e imediato para que o utilizador possa usufruir da boleia quase em tempo real e não com uma marcação de um ou dois dias de antecedência. Com mais de oito milhões de condutores ativos, o CEO da Blablacar deixa ainda um conselho: “não acredito que Lisboa, Paris ou Londres, Berlim ou Estocolmo precisem de se transformar no próximo Silicon Valley. Precisam de se tornar em si mesmo! Não devemos replicar o que se passa nos Estados Unidos, com grande parte da indústria tecnológica americana situada em Silicon Valley, porque o hub europeu é diferente, está distribuído. Na Europa temos um modelo descentralizado, com múltiplas línguas, culturas. Lisboa, Madrid e Paris e todas as cidades deviam concentrar-se em alguns setores e tornarem-se no local por excelência da música, fintech, transportes, entre outros”.

Paralelamente, e a decorrer desde o dia 6 até ao dia 9 de novembro, no Fórum, primeiros-ministros, ministros, presidentes de câmara e outros decisores políticos mundiais reuniram-se com CEO e CTO das principais multinacionais para discutirem como a tecnologia está a mudar o mundo e asociedade. Uma vez que o acesso a este encontro era feito apenas por convite dos 500 maiores decisores da Web Summit, a i9 magazine teve uma oportunidade única. Fernando Medina convidou os jornalistas a assistirem à sua apresentação.captura-de-ecra-2016-11-23-as-16-12-59

O presidente da Câmara Municipal de Lisboa admite que, só as cidades que criarem um ambiente de inovação, tiverem qualidade de vida e preocupações climáticas, desenvolverem uma economia científica aberta, assim como a inclusão social e sociedades tolerantes ao multiculturalismo, serão as cidades do futuro.

Sob o tema “Everyone wins in a global economy” (Todos ganham numa economia global), o CEO da AICEP Portugal, instituição que apoiou a vinda e a organização da Web Summit em Portugal, afirma que o país “está a dar passos para se sair cada vez melhor e a prova é este evento”. Miguel Frasquilho destacou o facto de sermos uma sociedade económica e culturalmente aberta e que isso iria ser sentido pelas mais de 50 mil pessoas esperadas. E acrescentou que “não é forçoso que na globalizaçãohaja perdedores e ganhadores, acho que todos podem ser ganhadores, desde que saibam fazer as coisas e passem a mensagem correta”. Desde o resgate “fomos capazes de dar passos para nos tornarmos mais competitivos e atrativos e, ao mesmo tempo, a própria sociedade e a própria economia viraram-se para fora, para o mundo exterior, e a prova é que temos vendido cada vez mais para fora, as nossas exportações têm vindo a ganhar quota de mercado, fruto da nossa qualidade. Além disso, estamos cada vez mais recetivos ao investimento estrangeiro, não só da União Europeia, da China, dos Estados Unidos e de outros países asiáticos e africanos”. Miguel Frasquilho concluiu que todo este esforço de abertura de Portugal para o exterior e este caminho de recuperação serão muito amplificados com a Web Summit, a “cereja no topo do bolo”.

Neste mesmo dia, o Comissário Europeu para a Investigação, Ciência e Inovação, Carlos Moedas, anunciou a criação de um fundo pan-europeu de mais de mil milhões de euros para financiamento de empresas na área tecnológica, constituído por fundos públicos e privados. Este “fundo de fundos” foi lançado para travar a saída de inúmeras start-ups da Europa devido à falta de financiamento, ajudando depois a escalar fundos de venture capital neste continente. Carlos Moedas divulgou ainda que a Comissão Europeia está à procura de um gestor privado para este novo instrumento, podendo, os interessados, concorrer a esta call até dia 31 de janeiro de 2017.

Os participantes: de expositores a curiosos
captura-de-ecra-2016-11-23-as-16-14-16Foram milhares as start-ups que tiveram a oportunidade de ver os seus projetos exibidos na Web Summit entre uma categorização de empresas ALPHA – as que até à data angariaram menos de 500 mil euros de investimento – e as BETA – as que conseguiram atrair investimento superior a meio milhão de euros e até três milhões de dólares.

A empresa de tradução Wordzilla aproveitou a presença para lançar uma nova marca – a Cyberzilla. Helena Fernandes refere que “este novo produto direciona-se especificamente para o mercado da tradução e legendagem audiovisual, ou seja, de filmes séries e combina ferramentas automáticas com a edição humana, fazendo uma aceleração de todo o processo de tradução em cerca de 40 ou 50%”. A CEO da Wordzilla comenta que, ao recorrerem a tradução automática e à automatização da temporização das legendas, “retira-se uma enorme carga de trabalho da parte do tradutor que se concentra mais na qualidade da tradução”. Desta forma, conseguem oferecer traduções mais rápidas e competitivas para cerca de 20 clientes, como os canais internacionais da Fox.

O Cyberzilla também será integrado numa plataforma de formação online que irá “formar tradutores por todo o mundo e integrá-los na nossa equipa, permitindo uma certa escalabilidade do nosso negócio”, acrescenta Helena Fernandes.

Daniela Braga, CEO da DefinedCrowd, explicou-nos por que a sua empresa foi uma das 50 start-ups mais procuradas pelos investidores durante a Web Summit. “Penso que tem que ver com a tração em tão pouco tempo porque o melhor indicador é sempre clientes e revenue (receitas)”. Esta “plataforma de recolha de dados para treinar robôs e assistentes pessoais para falarem, pensarem melhor e interagirem connosco em linguagem natural” foi fundada em agosto de 2015 e desde o primeiro momento tiveram clientes. Escolhida para integrar a aceleradora de Seattle da Microsoft Ventures, em machine learning e data science, e o facto de a DefinedCrowd ter acabado de fechar uma ronda de investimento com o Sony Innovation Fund, o Amazon Alexa Fund e a Portugal Ventures, angariando 1,1 milhões de dólares, e de entregar tecnologias disruptivas, como a inteligência artificial, terão sido outros bónus que despertaram tantas atenções!

E enquanto a língua inglesa dominava as conversas entre os curiosos que circulavam por todo o recinto, encontrámos uma dupla de portugueses que, oriundos do Porto, decidiram vir ao evento numa atitude exploratória. A dupla de profissionais da Movvo, empresa de location based marketing analytics focada no setor do retalho, confessou estar mais expectante para ouvir as sessões de big data e Saas e também a procurar possíveis parceiros e, em suma, “ver como os grandes da indústria pensam e falam sobre alguns desafios”.

Concurso de inovação social digital estimula ideias de negócio

Também no primeiro dia de conferências da Web Summit, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) anunciou o alargamento do prazo de submissão das candidaturas ao concurso de inovação social digital “Santa Casa Challenge”.captura-de-ecra-2016-11-23-as-16-13-07

Encontrar soluções ou ideias inovadoras ou projetos que tenham base tecnológica e possam trazer benefícios sociais à instituição e a todas as pessoas por ela apoiada são os objetivos principais.

Ao longo da tarde de 8 de novembro foi feita pela SCML a apresentação dos objectivos sobre os quais desenvolve a sua ação e foram apresentados os desafios propostos no âmbito do concurso. Algumas das start-ups concorrentes apresentaram pitches sobre as ideias de negócio que estão a desenvolver em Ação Social, Cultura e Património, Economia Social e Saúde, isto é, nas áreas de intervenção da SCML.

Destes, destaca-se a “Sénior Citizens”, uma plataforma que tem como objetivo aproximar os idosos das novas tecnologias; a “Coolture”, uma plataforma que agrega eventos e informa sobre o que se pode fazer nos tempos livres e a “Neuropsycad”, uma plataforma baseada em cloud para um diagnóstico computacional assistido de doenças neuropsiquiátricas.

Associar as novas tecnologias ao desenvolvimento social e bem-estar da população é o objetivo principal. “Empreendedorismo social é uma parte de nicho mas que se destina, face à estratégia da União Europeia, a explorar a inovação social e do empreendedorismo com valor social”, explicou Alexandra Rebelo, directora do departamento de empreendedorismo e economia social da SCML. “Não possamos dizer que o empreendedorismo resolve tudo, mas podemos pelo menos dizer ajuda: é ensinar a pescar”, acrescentou.

Estimular a inovação social digital e o empreendedorismo social de base tecnológica com instrumentos de modernização da SCML e criar ou melhorar produtos e serviços disponibilizados pela instituição são os principais desafios que se apresentam hoje à instituição. “A SCML trabalha para o bem-estar das pessoas no seu todo”, frisou Alexandra Rebelo.

À data do fecho desta edição ainda não tinham sido divulgados os vencedores de cada categoria. 15 de dezembro é o dia escolhido para as apresentações dos pitches. Os melhores classificados têm direito a um prémio de cinco mil euros em dinheiro, a um Alpha Pack Web Summit 2017, num valor correspondente a 1950 euros e à possibilidade de desenvolver um projeto-piloto em equipamentos ou serviços da SCML.

Surf e futebol atraíram holofotes

O dia 8 de novembro teve um enfoque especial no desporto e nas inovações que têm ajudado os profissionais de diferentes modalidades a superar desafios, outrora inimagináveis.

Tiago “Saca” Pires esteve no palco Sportstrade a debater sobre o uso da tecnologia nos desportos radicais, como o surf que pratica.

Em declarações à i9 magazine, acredita que a “tecnologia tem revolucionado tudo na vida, no que toca ao desporto, e falando na pele de um desportista, aproximou toda a gente, os nossos patrocinadores, dos atletas, do público”. Sobre o surf, em particular, referiu que “hoje em dia temos grandes facilidades na parte de prevermos as condições do mar, do tempo para a realização de provas e para termos mais sucesso na realização de campeonatos. A tecnologia tem ajudado muito e vai continuar a ajudar porque estas plataformas vão sempre sendo melhoradas e acho que no futuro vamos conseguir prever quase ao detalhe como é que as condições vão estar”.captura-de-ecra-2016-11-23-as-16-13-36

Em relação ao uso de drones, Tiago Pires garantiu que os aparelhos não criam obstáculos à prática desportiva, contudo, sendo o surf uma prática que obriga a grande concentração, “os drones, ao início, causavam muito ruído e distraíam-nos. Mas entretanto os próprios operadores de drones começaram a conhecer melhor e já não se aproximam tanto e, hoje em dia, acho que é um tipo de imagem que é muito útil para o nosso desporto, porque os drones dão uma visão muito próxima e, às vezes, até uma visão inversa daquilo que o operador normal de câmara consegue fazer”.

Acerca do evento, o surfista português mostrou-se muito expectante, assegurando que “é um grande cartão de visita de Portugal para o mundo. Há aqui uma grande network de possíveis investidores que podem dar muito dinheiro a start-ups e empresas portuguesas, por isso acho que é de aproveitar ao máximo este tipo de oportunidades e temos que estar muito orgulhosos de podermos ser os anfitriões da Web Summit por três anos, pelo menos”.

Tiago Pires falou também sobre a sua passagem pela Surf Summit, que decorreu nos dias 5 e 6 de novembro, na Ericeira: “correu lindamente, é um evento ainda um pouco experimental. Só tive presente num dia, no domingo, onde fiz um pouco de surf e o tempo ajudou, mas acho que todos os intervenientes estiveram muito bem e gostaram bastante da experiência por isso deve ser para repetir com certeza para o ano”.

No palco central, o dia encerrou com um dos painéis mais concorridos de sempre, quer pelos participantes, quer pelos Média – Luís Figo e Ronaldinho Gaúcho falaram sobre como os futebolistas podem tornar-se em empreendedores de sucesso. O futebolista português confessou que sempre gostou de “negócios”, tendo aproveitado para apresentar a sua plataforma e nova app de scouting que ajuda a escolher jovens talentos de futebol – a Dream Football. Por sua vez, o brasileiro Ronaldinho exibiu a ZoomeTV – uma aplicação que combina TV online com canais personalizáveis e uma rede social de vídeo.

A condução do futuro e o mercado financeiro

Na quarta-feira, dia 9 de novembro, o setor dos transportes esteve em destaque.captura-de-ecra-2016-11-23-as-16-14-47

William Sargent, da Framestore (estúdio criativo de efeitos visuais e animações para o cinema) encerrou a sua apresentação, intitulada “Os filmes vão existir em formatos que ainda não podemos imaginar”, afirmando que “there is no future to predict, only to be made” (não há futuro a prever, apenas para ser feito).
E é precisamente isso que Elmar Frickenstein estará a tentar fazer na BMW. O Senior Vice President da Fully Automated Driving, Driver Assistance do grupo, falou acerca de uma nova era de mobilidade assente na condução autónoma. Defende que os transportes autónomos vão diminuir a falta de estacionamento, reduzir o número de acidentes, o trânsito e também o dióxido de carbono na atmosfera.

Gradualmente, através de computação de alto desempenho, de inteligência artificial, de visão computacional, de validação de métodos, de sensores de processamento de dados e de sistemas de segurança e robustez, a responsabilidade de condução passará do humano para a máquina.

Elmar Frickenstein apresentou um vídeo no qual compreendemos melhor como tem que ser processada e aplicada computacionalmente a condução autónoma.

No dia em que foram conhecidos os resultados das eleições nos Estados Unidos, que deram a vitória a Donald Trump, as sessões tiveram sempre alusões ao sucedido. Bob Greifeld, CEO do NASDAQ, pronunciou-se sobre o assunto, dizendo que “os mercados estabilizaram quando aconteceu o Brexit e esperamos que aconteça o mesmo” e manifestou que o setor financeiro, da saúde e dos seguros estavam a operar bem. Também transmitiu que as empresas ligadas ao machine learning e ao blockchain são as mais valorizadas no NASDAQ.

De seguida, como já vem sendo hábito, decorreu a abertura de sessão do Nasdaq em direto de Lisboa. O toque do sino que abre o mercado de ações foi transmitido simultaneamente no outdoor digital do NASDAQ em plena Times Square de Nova Iorque (Estados Unidos).

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Neste dia, também nos cruzámos com alguns investidores. Com várias reuniões marcadas, Miguel Caldas, da Rising Ventures, afirmou que veio ver as “start-ups que cá estavam, em especial do mundo tech, media e fintech” porque são algumas das áreas nas quais já tem background. Em operação desde 2014, já investiram na Vertequip, na Crowdprocess, na doDoc e na Climber e não põem de lado eventuais parcerias com outros fundos de investimento internacionais porque “este é um mercado em que raramente um investidor vai sozinho, todos gostam de ter o conforto de saber que há mais investidores”.

Por sua vez, Veronique G. Boudad é sócia da Pebble Capital, empresa francesa que investe sobretudo em start-ups em fase early stage. Com outro sócio baseado em Singapura, a dupla de business angels já financiou cerca de 12 empresas. Na sua primeira presença na Web Summit, Veronique disse estar “surpreendida com a qualidade das start-ups europeias, em especial das ALPHA, mais nos aspetos de conteúdo e não tanto de marketing, e na forma como fazem o PITCH”. Investem apenas em empresas com modelo B2B, ou ligadas à cloud, e também em novas tecnologias para a agricultura.

A última conferência do dia registou grande afluência – o Meo Arena voltou a esgotar para ouvir a história de Sean Rad. O criador do Tinder confessou que foi a falta de coragem para abordar uma rapariga num café que o levou a desenvolver uma das melhores aplicações para encontros. Apesar de permitir um primeiro contacto virtual, Sean Rad frisou que o objetivo é que as pessoas se conheçam na vida real, motivo pelo qual 80% dos utilizadores procuram relações duradouras.captura-de-ecra-2016-11-23-as-16-14-23

No final deste dia, houve ainda tempo para a Sunset Summit. No Pavilhão de Portugal, Paddy Cosgrave viu a projeção de um vídeo promocional do Turismo de Portugal e seguiu para um momento de descontração com outros participantes.

Esta seria igualmente a última oportunidade para aproveitar a Night Summit – entre a Rua Cor de Rosa, o Bairro Alto e a Rua das Flores, vários bares e restaurantes convidavam as pessoas a prolongar o networking iniciado durante o dia pela noite dentro.

Último dia com start-ups distinguidas e promessa de contágio empreendedor a todo o país

No dia 10 de novembro a Web Summit despediu-se de Lisboa por um ano, mas as sementes empreendedoras que deixou prometem ficar e alastrar-se a outras zonas do país.

Ao PITCH Final estavam cerca de 200 start-ups em competição e mais de 30 eram portuguesas. Do total, três foram selecionadas para a final. O júri era composto por representantes da Aspect Ventures, da Baseline Ventures e da aceleradora Y Combinator. No último dia subiram ao palco do Meo Arena as três start-ups que apresentaram as suas ideias de negócio: a Kubo Robot, a PapayaPods e a Soil Tron.
A Kubo Robot, start-up vencedora do PITCH 2016 já está a projetar o futuro. A empresa dinamarquesa vai usar o prémio de 100 mil euros de investimento da sociedade de capital de risco pública Portugal Ventures no processo de produção do robô, querendo colocá-lo no mercado no próximo ano.

O líder do projeto, Tommy Otzen, explicou que os mentores quiseram “tirar a programação drag and drop [arrastar e largar] do ecrã e passá-la para a vida real”, como se fossem Legos. O projeto começou como um protótipo do Laboratório de Tecnologia Social da Universidade da Dinamarca do Sul com o objetivo de desenvolver novas formas de ensinar tecnologia às crianças.

A start-up ensina os mais novos a lidar com programação e a interagir com a robótica, através de jogos. Por agora, a Kubo Robot vai lançar uma campanha de angariação de fundos em janeiro, que leve à concretizacaptura-de-ecra-2016-11-23-as-16-15-26captura-de-ecra-2016-11-23-as-16-15-20ção do objetivo de cinco mil robôs produzidos no próximo ano.

Em segundo lugar, a PapayaPods quer melhorar o processo de aluguer de quartos e apartamentos, com a integração total online, proporcionando tempo e trabalho aos clientes, com a integração de pagamento – mas ainda não está finalizada, embora o site esteja disponível em versão beta desde abril.

A Soil Tron foi fundada por Wael Al Masri, um estudante de engenharia de 19 anos, e consegue extrair energia elétrica do solo e já tem o processo montado. O mentor do projeto foi apoiado pela Gravity Cyprus Ventures.

No último dia, os representantes das start-ups vencedoras do concurso PITCH dos eventos COLLISION, SURGE e RISE, organizados nos Estados Unidos e na Índia pela mesma equipa organizadora da Web Summit, deram dicas aos participantes desta edição europeia.

A Rorus Inc, start-up americana cuja missão é trazer água limpa a todos, através da criação de um ponto de filtragem revolucionário, que remove os principais tipos de agentes patogénicos aquáticos, venceu o COLLISION PITCH 2016. A sua representante, Corinne Clinch aconselhou os candidatos ao prémio a distinguirem-se dos outros: “puxem pelo aspeto que vos diferencia dos outros”.

O fundador da Arcatron Mobility, Ganesh Sonawane, que ganhou o título de melhor start-up da SURGE Conference, a edição indiana da Web Summit, também esteve presente na manhã do último dia da conferência para aconselhar os empreendedores. Falou da importância do winning pitch, e de os vencedores terem “uma equipa coesa, com um plano”.

A Arcatron está a construir a próxima geração de dispositivos que querem melhorar a vida de pessoas com mobilidade limitada e que necessitam de cuidados. Projeta produtos para proporcionar aos consumidores a adoção de estilos de vida mais independentes e ativos.

Mohit Rajpal, representante da mytaxiindia.com, a start-up vencedora da RISE Conference, falou na importância de “fazer algo certo para ter oportunidades de investimento e estabelecer parcerias”. A My Taxi Índia é a maior rede indiana de táxis intra e inter-urbana. De acordo com a RISE, a rede de táxis ganhou devido ao seu trabalho na solução do mercado de táxis interurbanos de 15 bilhões de dólares, através de um sistema de distribuição global.

80 mil participantes em 2017

Finda a maior cimeira tecnológica do mundo, é tempo de fazer um balanço: para as start-ups portuguesas ficaram reuniões, contactos trocados, expetativa pelo futuro, conhecimento e eventuais investidores. Ficou a esperança num futuro risonho.

Prevê-se, no próximo ano, uma enchente maior na FIL: mais 30 mil participantes do que neste ano. Paddy Cosgrave já adiantou que na edição de 2017, a Web Summit “vai aumentar o perímetro” do evento ao pavilhão 4 da Feira Internacional de Lisboa (FIL), onde neste ano estiveram montados os balcões de registo, “e o número de participantes para um máximo de 80 mil pessoas”. Além disso, quer ter ainda mais mulheres no evento.

O presidente da Web Summit reforça que a escolha de Lisboa foi “a decisão acertada” e confessando-se “apaixonado” pela capital.

Por agora, os bilhetes para a Web Summit 2017 já se encontram à venda.

// www.websummit.net

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