Viver durante um ano, 11 dias, 11 horas e 1 minuto com 1111 euros e bens conseguidos através de trocas. É esta a meta traçada pela portuguesa que criou o projeto Believe.
Viver durante um ano, 11 dias, 11 horas e 1 minuto com 1111 euros e bens conseguidos através de trocas. É esta a meta traçada por Andresa Salgueiro, uma portuguesa de 35 anos que criou o projeto Believe por acreditar que nunca é tarde para mudar de vida.
A aposta neste projeto pessoal resultou exatamente de um desejo de mudança. O Believe nasceu da “vontade de mudar de vida, desde há muito, da vontade de ser eu própria, de seguir a minha missão que desde sempre foi ser o elo entre várias pessoas e grupos”, diz Andresa, em entrevista ao Boas Notícias.
Mas afinal, em que consiste o Believe? A resposta é simples. Trata-se de sobreviver “apenas trocando aquilo de que preciso, pelo que de melhor posso dar”, explica a mentora.
Internet paga em troca de livros de culinária
Esta psicopedagoga de formação residente no Cacém espera, aliás, não ter de gastar os 1111 euros que definiu como orçamento disponível para o ano do desafio e diz que o fez, essencialmente, por uma questão de segurança.
“Pensei que seriam necessários para os primeiros tempos do projeto, para o pagamento de despesas mais formais como água, luz, gás, seguro e selo do carro”, explica Andresa. Porém, está a viver de trocas há mais de um mês e tem conseguido dar a volta à situação de diversas formas.
“Para pagar a Internet fiz uma troca com uma amiga vizinha: ela deu-me a sua palavra-passe e eu dei-lhe livros de culinária”, exemplifica a jovem. As restantes despesas da casa ainda foram saldadas com dinheiro, mas Andresa espera que, daqui para a frente, seja possível adotar um novo método.
“Em Fevereiro ou Março penso já ter um companheiro de casa que me pagará essas despesas. Em troca, disponibilizo-lhe o meu quarto!”, adianta, entusiasmada.
Nem as adversidades fazem Andresa baixar os braços. Depois de o seu carro ter sido assaltado recentemente, fazendo-a perder os telemóveis, as chaves de casa, os cartões de identificação e até o aparelho dentário e a máquina fotográfica, a mentora do Believe manteve o espírito positivo e, mais uma vez, foi bem-sucedida: com recurso à troca, resolveu praticamente tudo.
“Consegui resolver tudo às trocas, exceto a fechadura que tive de pagar e o cartão do cidadão, que se não aparecer terei de pagar ou trocar com o Governo Civil”, brinca.
Entreajuda tem sido uma constante
Desistir está, portanto, fora de questão. Até porque agora, graças à divulgação, o Believe é já um projeto de muita gente. São mais de 100 as pessoas diretamente envolvidas, entre designers, criativos, jornalistas, atores, economistas e associações não governamentais, mas até os anónimos se têm deixado seduzir por este conceito.
“Acho que, mesmo que eu quisesse [desistir], era impossível voltar atrás, porque a energia que se criou neste momento é tal, que o projeto deixou de ser um projeto meu para ser um projeto de todos”, afirma Andresa.
Segundo a criadora do Believe, esta tem sido uma experiência muito gratificante e a entreajuda tem sido uma constante. “Desde pessoas que me deixam sacos com comida à porta, até pessoas que trocam um abraço por 21kg de batatas ou que me oferecem livros em troca de as ajudar a ser felizes…há de tudo!”, conta.
Um futuro “ecológico, saudável e feliz”
Em pouco tempo, a vida de Andresa já começou a mudar. “Os meus consumos são muito baixos, o que faz com que me comece a alimentar de forma mais saudável com alimentos da terra. Também não compro coisas desnecessárias, ou doces, ou roupa… coisas que serviam apenas para 'encher' o ego mais do que a alma”.
“Acho que num futuro a médio longo prazo deixarei de usar dinheiro e serei sustentável, ecológica, saudável e feliz!”, revela.
Por enquanto, fica uma mensagem para quem ambicionar seguir-lhe o exemplo que reflete na perfeição a essência deste projeto. “Estamos sempre a tempo de mudar as nossas vidas, de mudar a nossa família, de mudar a nossa cidade, de mudar o nosso país, de mudar o nosso mundo… mas tudo começa apenas e só quando começamos a acreditar em nós!”. Andresa acreditou e não tem dúvidas: vale a pena.
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