O estranho instrumento, que combina acordeão, piano e violoncelo, desenhado pelo génio renascentista Leonardo da Vinci foi tocado pela primeira vez para uma audiência, na Polónia, no passado dia 18 de Outubro. O feito foi conseguido pelo músico Slawo
O estranho instrumento, que combina acordeão, piano e violoncelo, desenhado pelo génio renascentista Leonardo da Vinci foi tocado pela primeira vez para uma audiência, na Polónia, no passado dia 18 de Outubro. O feito foi conseguido pelo músico Slawomir Zubrzycki, que, ao fim de quinhentos anos, conseguiu decifrar a mecânica da 'Viola Organista'.
A ideia deste instrumento era já conhecida por muitos, mas, por o seu desenho ser de tal forma bizarro, nunca antes passou do papel para a realidade. Só agora, cinco séculos depois, é que o empenho e paixão de Zubrzycki veio concretizar o sonho do autor da Mona Lisa.
Com um aspeto que faz lembrar um piano de grandes dimensões, repleto de cordas de aço e rodas de fiar, a 'Viola Organista' foi apresentada ao mundo como uma autêntia obra de arte musical.
“Ela tem características de, pelo menos, três outros instrumentos que conhecemos: acordeão, piano e violoncelo”, referiu o músico polaco na sua apresentação na Academia de Música da cidade de Cracóvia, na Polónia.
O lado exterior é pintado num azul escuro intenso e adornado por delicados desenhos dourados. O interior é de um tom avermelhado e conta com uma inscrição, em latim, feita a folha de ouro, da autoria de Santa Hildegard, uma freira, médica e filósofa alemã que era também compositora.
“Santos profetas e estudiosos imersos no mar das artes humanas e divinas sonharam com uma multiplicidade de instrumentos para encantar a alma”, diz a citação.
A cama plana do interior da 'Viola Organista' é revistida com ouro abeto e é atravessada por sessenta e uma cordas de aço reluzente. Cada uma delas encontra-se ligada ao teclado por pequenas e planas teclas brancas. No entanto, ao contrário de um piano normal, não tem dulcimers martelados. Em vez disso possui quatro rodas de fiar, envoltas em cabelo de crina de cavalo, como se fossem cordas de um violino.
Para as tocar, Zubrzycki pisa um pedal por baixo do teclado que está ligado a um eixo de manivela que, à medida que roda, faz tilintar as chaves que, por sua vez, pressionam as cordas até às rodas, fazendo emitir sons que lembram um violoncelo, um piano e até mesmo um acordeão.
O efeito final é um som com que Da Vinci diz ter sonhado mas de que nunca ouviu falar. Até hoje, não há qualquer tipo de registo histórico a dar conta de alguém, nem mesmo Da Vinci, ter alguma vez construído a Viola Organista.
O esboço e as notas deste inédito instrumento foram encontradas entre os guiões invertidos deixados pelo italiano no seu Codex Atlanticus, uma coleção de doze volumes de desenhos e manuscritos sobre armas e voos.
“Não faço a mínima ideia daquilo em que o Leonardo Da Vinci estava a pensar quando desenhou o instrumento, mas espero que, caso estivesse aqui, ficasse agradado com o resultado”, diz Slawomir Zubrzycki, que passou três anos e mais de cinco mil horas a trazer esta criação à vida.
Notícia sugerida por Elsa Martins