Um novo estudo norte-americano acaba de revelar que um químico - o resveratrol - encontrado na pele das uvas e no vinho tinto pode, por outro lado, contribuir para prevenir os cancros da cabeça e pescoço.
O consumo de álcool é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de cancros da cabeça e pescoço, mas um novo estudo norte-americano acaba de revelar que um químico – o resveratrol – encontrado na pele das uvas e no vinho tinto pode, por outro lado, contribuir para prevenir a doença.
Os resultados da investigação, desenvolvida pelo centro oncológico da Universidade do Colorado, nos EUA, foram publicados, em Novembro, na revista científica “Advances in Experimental Medicine and Biology”.
“O álcool bombardeia os genes e o organismo tem de reparar estes danos, o que a partir de uma certa quantidade [de bebida] deixa de ser possível. É por isso que o consumo excessivo de álcool é um fator de risco nos cancros da cabeça e pescoço”, explica, em comunicado, Robert Sclafani, professor de bioquímica e genética molecular e um dos autores do estudo.
Segundo Sclafani, o resveratrol é capaz de “desafiar estas células”, fazendo com que aquelas cujo ADN não foi reparado e que são potencialmente perigosas sejam eliminadas do corpo. “Desta forma, as células não podem progredir e transformar-se em células cancerígenas. Enquanto o álcool danifica as células, o resveratrol mata as células danificadas”, eslarece.
De acordo com os investigadores, o organismo metaboliza o álcool ingerido através da sua transformação em aldeído acético, utilizando, depois, um grupo de enzimas denominado “aldeído desidrogenase” (ALDH) para o converter em ácido acético, sob a forma do qual é eliminado. O aldeído acético, estágio semi-processado do álcool, é considerado cancerígeno e produz erros no ADN.
“Com uma exposição elevada ao álcool, há perda dos genes ALDH, que ajudam a processá-lo, e perda da capacidade de reparar estes erros genéticos, o que resulta num risco aumentado de cancro”, justifica Sclafani, acrescentando, porém, que o vinho tinto pode ter um importante papel protetor.
Vinho tinto associado a menor incidência do cancro
“Quando consideramos estudos epidemiológicos acerca dos cancros da cabeça e pescoço, verficamos que o álcool é um fator de risco mas, quando tal acontece, a menor incidência dos casos de cancro observa-se em pessoas que beberam vinho tinto”, destaca o investigador.
Tal acontece, assegura Sclafani, graças ao resveratrol. “Quanto mais bebemos, mais acumulamos danos genéticos e maior a probabilidade de desenvolver cancro. Porém, o resveratrol é capaz de eliminar as células mais danificadas – as células com maior probabilidade de causar cancro”, evitando o desenvolvimento da doença.
Embora não seja uma “arma mágica” capaz de anular todos os efeitos cancerígenos do álcool, ao matar as células mais perigosas, o resveratrol do vinho tinto – bem como outros compostos encontrados no extrato da semente das uvas – diminui o risco de consumo de bebidas alcoólicas levar à doença.
Atualmente, Sclafani e a sua equipa estão a testar a capacidade do resveratrol de prevenir os cancros no fígado e no cólon e planeiam testá-lo na prevenção e, possivelmente, no tratamento de cancros da cabeça e pescoço e de outras doenças oncológicas.
Notícia sugerida por António Resende
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