Um grupo de capitais maioritariamente chineses acaba de instalar-se em Vinhais, área onde se concentra a maior parte da produção portuguesa de castanha, para recuperar uma unidade que vai colhê-la e comercializá-la para o mercado europeu.
O grupo internacional American Lorain, de capitais maioritariamente chineses, acaba de instalar-se em Vinhais, Trás-os-Montes, área onde se concentra a maior parte da produção portuguesa de castanha, para recuperar uma unidade que vai colhê-la e comercializá-la para o mercado europeu, em particular para Espanha, França, Alemanha, Holanda e Itália.
O investimento chinês na castanha nacional surge em sequência da aquisição recente, por parte do American Lorain, da maioria da empresa Minerve, que era já proprietária de uma unidade de produção em Vinhais – a Cacovin, uma empresa municipal que lhe foi vendida há três anos pela autarquia mas, entretanto, encerrou.
Em declarações à Lusa, Filipe Pessanha, representante do Grupo Branco, accionista português da Minerve, revelou que a renovada unidade transmontana vai começar a recolher castanha já na atual campanha, que está prestes a arrancar, perspetivando-se que, a partir de 2015, possa assegurar “no mínimo, as necessidades” da empresa-mãe, sediada na Bretanh, em França, há 60 anos.
De acordo com o responsável, o que se pretende é que, além de abrir as portas do mercado europeu aos investidores chineses, este negócio permita que a unidade de Vinhais passe, futuramente, a garantir o milhão de quilos de castanha que, todos os anos, é processado em França.
“[A castanha] é a principal área de negócio em França, daí que faça todo o sentido investir, estar presente num sítio como Vinhais onde a castanha é o principal produto”, explicou Filipe Pessanha, lembrando que, atualmente, a Minerve já adquire castanha portuguesa nesta zona de Trás-os-Montes, mas através de outros concorrentes locais.
Depois desta primeira fase, o objetivo é que a unidade de Vinhais produza também castanha suficiente para a colocação do produto no território português e noutros mercados europeus como Espanha, Alemanha e Holanda e no mercado dos frescos em França e Itália.
Filipe Pessanha adiantou que a unidade precisa para já de apenas “pequenos ajustamentos e reparações” e começará a funcionar em breve, ainda a meio gás, somente com castanha em fresco. O início da atividade deverá criar, por agora, 14 postos de trabalho e, em 2015, prevê-se que se comece também a trabalhar para o mercado do congelado.
Investidores vão explorar outros produtos da região
Para combater a sazonalidade da produção de castanha, os investidores chineses planeiam ainda explorar outros produtos da região, nomeadamente os frutos vermelhos, com o propósito de conseguir laborar durante todo o ano, o que exigirá um reforço do investimento.
A zona de Vinhais concentra quase metade da castanha nacional, com uma produção anual que ronda as 15 mil toneladas. Embora o produto mais emblemático do concelho seja o fumeiro, a castanha é a que tem maior peso económico.
A autarquia local estima, aliás, que a área atual de souto, incluindo novos castanheiros, tem um potencial que ascenderá, no futuro, a 26 milhões de euros só com a venda direta do fruto.
Notícia sugerida por Maria Manuela Mendes