As dez equipas finalistas estiveram em processo de formação no Bootcamp de Empreendedorismo Social IES (Social Entrepreneurship Institute) powered by INSEAD com o objetivo de procederem à implementação dos respetivos projetos. “Guardiãs do mar – Salvar o ambiente, preservar empregos”, “Vtree Solar”, “JAZZ’aqui”, “O Valor do Dinheiro”, “Sociedade do Bem”, “Brincar de Rua”, “Lua de Leite”, “Eloquentia”, “Pés na Terra e Mãos à Obra!” e “1, 2, 3 Macaquinho do Xinês” foram as ideias finalistas.
Tendo em conta a prossecução dos objetivos que presidiram à instituição do FAZ-IOP, e do concurso, assim como o impacto, a originalidade, o carácter inovador e sustentabilidade da contribuição do projeto para a resolução de necessidades sociais, o júri selecionou três candidaturas finalistas que vão ser financiadas para a execução do projeto no terreno.
“Com um total de 53 candidaturas de grande qualidade, o júri teve dificuldade em escolher as dez ideias de origem portuguesa a apurar para a final. Estes projetos empreendedores originados na diáspora, que agora apresentamos demonstram o melhor da criatividade o solidariedade do povo português: são ideias inspiradas e inspiradoras para um Portugal melhor”, revelou o presidente do júri do FAZ – IOP, Pedro Oliveira.
“Guardiãs do mar – Salvar o ambiente, preservar empregos”, “Vtree Solar”, “JAZZ’aqui” foram os três finalistas.
O projeto Guardiãs do Mar – Salvar o Ambiente, Preservar Empregos venceu o concurso FAZ – Ideias de Origem Portuguesa 2016. O prémio de 25 mil euros foi atribuído ao projeto que pretende responder ao problema da degradação e destruição das pradarias marinhas e o seu impacto no declínio da população de golfinhos do Sado, “criando um selo de boas práticas – o selo “Guardiãs do Mar” – para os pescadores e as pessoas que se relacionam com a área marinha”, destacou uma das mentoras, Raquel Gaspar.
Também quer dar resposta ao desemprego e à desvalorização social e cultural das mulheres pescadoras. O projeto propõe, ainda, atividades de sensibilização do público e a monitorização e proteção direta deste habitat, envolvendo a comunidade local de mulheres pescadoras e apresentando alternativas para o seu desemprego. Duas destas pescadoras fazem parte da equipa do projeto, que resulta do cruzamento das preocupações de uma portuguesa formada em Gestão, residente em Barcelona, e de uma bióloga marinha que segue a população de golfinhos do Sado há mais de 20 anos. “Neste ano vamos lançar um projeto de educação, o Ocean Alive Camp, que consiste numa semana de sensibilização para a proteção do oceano, com o objetivo de chamar à atenção dos mais jovens para as questões relacionadas com o mar”, concluiu acerca do projeto que o grupo tem em mente.
Em segundo lugar ficou o projeto Vtree Solar, a que foi atribuído o valor de 15 mil euros, que propõe “árvores” com wi-fi, alimentadas por painéis de energia solar fotovoltaica em jardins e espaços públicos urbanos de grande circulação, onde qualquer pessoa possa carregar o seu telemóvel e outros gadgets, como scooters elétricas. Trata-se de um produto inovador que associa design e tecnologia e que pretende responder a problemas de conectividade no quotidiano, democratizando o acesso à rede. “O projeto quer valorizar as cidades; torná-las em smart cities, em sítios mais interessantes para viver, que integrem as pessoas e as levem para a rua porque a Internet passa a não ser exclusivo das casas porque vem para o espaço público”, frisou um dos cinco mentores do projeto, Ricardo Bastos. Não quis deixar passar em branco o caráter internacional do projeto, que conta com a colaboração de “amigos e ex-colegas que trabalham na Roménia, no Brasil e em Portugal.”
Foi ainda premiado nesta edição o projeto Jazz‘aqui, com o terceiro lugar e 10 mil euros. Pretende promover o jazz português, propondo, entre outras iniciativas, residências artísticas e a criação de um festival de jazz itinerante fora de Portugal, exclusivamente com músicos nacionais. “Não era óbvio para nós que este projeto fosse de empreendedorismo social, não era lógico que fosse uma das melhores ideias, pelo que tivemos de trabalhar muito nesse sentido”, referiu Duarte Fonseca, um dos elementos do grupo. “O que o Jazz’aqui quer fazer é, aproveitando a primeira grande geração de músicos portugueses, estes criem o um mercado sustentável em Portugal. Esperamos conseguir plantar uma semente e criar uma massa crítica para que, quando nos internacionalizarmos, fundarmos um mercado consistente”. Frisou a necessidade de “aumentar o mercado”, para absorver os músicos que acabam de se formar.
Premiar e divulgar publicamente cidadãos portugueses que se tenham distinguido pelo seu papel empreendedor, inovador e responsável no contexto das respetivas sociedades de acolhimento e que constituam exemplos de integração efetiva nas correspondentes economias e de estímulo à cooperação entre Portugal e os respectivos países de acolhimento são os principais objetivos do Prémio Empreendedorismo Inovador na Diáspora Portuguesa, cujo prazo de candidatura terminou a 29 de fevereiro.
“Ter uma carreira reveladora de atitudes e competências consensualmente associadas ao empreendedorismo”, “utilizar a capacidade empreendedora na promoção de iniciativas inovadoras, à luz de critérios adotados internacionalmente”, promover “sustentabilidade económica e social das iniciativas em causa”, “contribuir para a aproximação entre o Portugal e os países estrangeiros, e ter uma “carreira reveladora de uma integração efetiva do candidato e das suas iniciativas no contexto socioeconómico dos respectivos países de acolhimento” foram alguns dos critérios tidos em conta pelo júri para escolher o vencedor.
O vencedor da 9ª edição foi Augusto Pinho, criador da “Direct Poultry”, uma empresa de transformação alimentar e comercialização de menus pré-cozinhados e ultracongelados, que foi o distinguido com o Prémio Empreendedorismo Inovador na Diáspora Portuguesa, instituído pela COTEC.
Augusto Pinho é natural de Vagos mas emigrou para o Canadá em 1974 quando tinha quatro anos de idade. Frequentou o ensino oficial Canadiano e devido ao gosto pela concretização e a sua capacidade empreendedora, trabalhou no setor alimentar enquanto estudava.
Criou a primeira empresa aos 18 anos, a “York Chicken Wholesale”, conjuntamente com o cunhado, no ramo do comércio alimentar, sendo que o seu percurso profissional se manteve neste setor de atividade. Para conhecer melhor o negócio, decidiu vender a sua cota de 50% ao cunhado e sócio para poder ingressar com “responsável de vendas” na empresa “Maple Foods”.
Em 2004 decidiu fundar a “Direct Poultry Inc”, uma das maiores empresas do setor de transformação alimentar em Ontário que, atualmente, tem um volume de negócios que ronda os 80 milhões de euros e cerca de 180 colaboradores. Mantém o foco na transformação de frango e venda por inteiro, cortado e em cuvetes, mas procurou inovar, passando a comercializar menus pré-cozinhados e ultracongelados. Em entrevista, o empresário referiu “continuamos a crescer e a expandir com a venda constante, atualizando máquinas e fazendo o nosso melhor para ser o número um no mercado”.
Em 2012 realizou um investimento de cerca de 400.000 euros numa estação de tratamento de águas residuais, tendo merecido o reconhecimento do Ministério da Agricultura do Ontário e que permitiu a certificação ambiental bem como a obtenção de um apoio financeiro.
É parceiro das maiores cadeiras de distribuição alimentar a operar no Canadá e foi, também, reconhecido pelo Ministério da Agricultura do Ontário pela aposta em boas práticas ambientais e de sustentabilidade.
“Temos, aqui, exemplos de que os portugueses são um povo global, com sucesso global. Uma parte importante dos nossos recursos de desenvolvimento estão fora das fronteiras de Portugal e nós pudemos aproveitá-los, é a nossa diáspora”, frisou o presidente da COTEC, Jorge Portugal. Em jeito de balanço referiu que o evento “cumpriu todos os nossos objetivos pois pretendíamos passar a ideia de que nunca é tarde para empreender. É muito importante saber que os portugueses podem vencer em qualquer parte do mundo e em qualquer área de atividade”.
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