por Pedro Tavares, médico de Medicina Geral e Familiar
Numa consulta médica é possível prever que serão abordados alguns tópicos menos agradáveis sobre o dia a dia. Estes incluem habitualmente o consumo de tabaco ou álcool, se a toma da medicação foi feita de forma correta, a quantidade de tempo dedicada ao exercício físico… Contudo, falamos pouco de assuntos relacionados com a sexualidade, ainda que possam estar entre as maiores preocupações. Hoje abrimos uma exceção e abordaremos um deles: a Disfunção Eréctil (DE).
A DE corresponde à incapacidade constante ou recorrente de obter ou manter uma ereção que permita uma atividade sexual satisfatória. É uma doença comum, que afeta 5 a 20% dos homens adultos (dependendo da região estudada) e cuja probabilidade de aparecimento aumenta com a idade. Porém, a idade não deve ser considerada como a única “culpada” por este problema.
Um dos factos que considero mais curiosos acerca da DE são as suas principais causas: mais do que uma doença “normal com a idade”, a DE pode ser causada ou agravada por várias outras doenças. Algumas destas são bastantes faladas no nosso dia a dia e muito comuns no nosso país: as doenças cardiovasculares (como a hipertensão arterial) e a diabetes. Outras causas comuns incluem a obesidade, as doenças neurológicas, as doenças hormonais e a toma de certos tipos de medicamentos (beta bloqueantes ou alguns antidepressivos). Por fim, o abuso de substâncias como o tabaco, álcool ou marijuana, também pode estar na origem deste problema.
Em consequência, o tratamento desta patologia irá sempre incluir a abordagem dos problemas supracitados. A adoção de um estilo de vida saudável, com a prática de exercício físico regular, perda de peso e cessação tabágica constituem a base do tratamento da DE. Também um bom controlo da tensão arterial, dos valores de glicémia e dos níveis de colesterol poderão resolver os sintomas ou ajudar a medicação apropriada a atuar mais eficazmente.
Esta medicação corresponde aos inibidores da fosfodiesterase-5, sendo os mais conhecidos o sildenafil e o tadalafil. São um grupo de medicamentos eficazes mas com riscos associados pelo que a sua toma só deve ser iniciada após consultar um médico. Se após todas estas opções os sintomas persistirem, não deve desesperar: o encaminhamento a uma consulta de Urologia trará outras soluções mais orientadas a um problema específico.
Contudo, estas soluções só serão postas em prática se falarmos delas. Só assim se poderá discutir as estratégias a adoptar, rever a medicação a tomar e discutir as dúvidas que surgem. Assim, proponho-lhe o seguinte desafio: próxima consulta, falemos disto.