Esta coleção de António Ferra parte da realidade (sub)urbana, que “à medida que se afasta do centro, revela um amontoado de prédios sobrepostos, de casas justapostas, de luzes aprisionadas que saíam das janelas ou dos espaços por onde se conseguiam libertar”.
Colagens, objetos e vídeos foram construídos a partir da sobreposição de pedaços de papel “que poderiam muito bem ter sido colocados no lixo pelos habitantes daqueles mesmos prédios”, explica António Ferra.
Estas peças “obedecem a uma persistência na reciclagem, uma forma de denúncia do desperdício e da fragilidade da fronteira entre o essencial e o acessório”, acrescenta o artista.
Ur Banismos denuncia também “os que foram banidos dos centros para se fixarem nas periferias. A raridade da figura humana nas imagens revela essa mesma ausência, ainda que, de onde em onde, se possam entrever algumas figuras ou espaços que funcionam como sonhos.”
António Ferra mantém simultaneamente a actividade da escrita e da expressão plástica, ambas com cerca de quarenta anos de experiências diversas.