Um grupo internacional de investigadores, do qual fazem parte cientistas portugueses da Universidade do Porto e de universidades dos EUA, Suécia e Noruega, está a estudar a utilização de nanopartículas de ouro como forma de tratar o cancro.
Um grupo internacional de investigadores, do qual fazem parte cientistas portugueses da Universidade do Porto (UPorto) e de universidades dos EUA, Suécia e Noruega, está a estudar a utilização de nanopartículas de ouro como forma de tratar o cancro. Entre as vantagens estão o facto de, ao contrário das soluções atuais, estas não serem tóxicas para o organismo humano e de poderem ser combinadas com outros fármacos.
De acordo com o portal de notícias da UPorto, este estudo iniciou-se há três anos e deu aos investigadores a possibilidade de entender a forma como as nanopartículas de ouro são absorvidas pelas células cancerosas, provando que, quando usadas em pequenas quantidades, as nanopartículas contribuem para a “atividade sinérgica” dos medicamentos ao nível do tratamento do efeito de evolução de metástases.
Além disso, as nanopartículas de ouro tornam também mais eficiente o efeito de retenção e permeação de drogas nos tecidos atingidos pela doença, explica a Universidade, o que torna possível a sua aplicação no desenvolvimento de drogas terapêuticas com vista a diminuir problemas como a multirresistência aos medicamentos (“Multi anti-drug resistance”, MDR na sigla em inglês).
Segundo os investigadores, as nanopartículas de ouro podem ser utilizadas quer na quimioterapia, quer na radioterapia, e já foram testadas em linhas celulares tumorais e não tumorais pancreáticas para comprovação dos seus efeitos benéficos a nível terapêutico.
Tratamento é viável para o mercado farmacêutico
A UPorto adianta que este tipo de tratamento possui viabilidade para ser introduzido no mercado farmacêutico e já despertou mesmo o interesse de uma investigadora da companhia farmacêutica norte-americana Pfizer.
A farmacêutica pretende aplicar estas nanopartículas como forma de ajudar à passagem de fármacos através da barreira hematoencefálica, estrutura do cérebro que restringe a passagem de substâncias presentes na corrente sanguínea como forma de proteger o sistema nervoso central.
De realçar ainda que o estudo de participação portuguesa está também em destaque no “blogue” da American Association of Pharmaceutical Scientists (AAPS), à qual foi apresentado no âmbito da conferência anual de biotecnologia da associação.
À equipa multidisciplinar da Universidade do Porto (constituída por elementos do Laboratório de Engenharia de Processos, Ambiente e Energia – LEPAE – da FEUP, da FMUP, do IBMC e do IPATIMUP), juntam-se, neste trabalho, investigadores do Departamento de Química e Engenharia Biológica da Universidade Técnica de Chalmers (Suécia) e do University of Nebraska Medical Center (EUA).
O estudo conta ainda com a participação de especialistas do Departamento de Radiobiologia do Institute for Cancer Research, do Norwegian Radium Hospital e da Oslo University (Noruega).
Notícia sugerida por Patrícia Guedes e Maria da Luz