Publicada na revista Laboratory Investigation (grupo Nature), a descoberta tem por base uma proteína variante de uma proteína normal que se encontra na superfície de todas as células, a CD44.
Funcionando como um receptor de superfície e como ponto de ancoragem para substâncias que, concebidas para o efeito, se ligam de forma específica e eficaz às células”, a CD44 é “desde há muito um potencial alvo para aplicação de terapias”.
“Uma boa estratégia de diagnóstico ou de terapia é aquela que permite distinguir, com grande acuidade, uma célula que queremos atingir, da outra que não queremos afetar”, explicou à Lusa Pedro Granja, investigador do Instituto de Engenharia Biomédica da UPorto (INEB) e coordenador do projeto.
O puzzle é resolvido com base no trabalho agora divulgado por Cristiana Branco da Cunha, primeira autora da publicação e colaboradores.
A identificação deste marcador específico vai permitir elaborar não só métodos de diagnóstico de um subgrupo de cancros de estômago (ainda sem métodos de diagnóstico eficazes) como também desenvolver “terapias específicas, com o objetivo último de não atingir as células normais e assim minimizar efeitos secundários das terapêuticas”, segundo a universidade.
Segundo o coordenador do projeto, “num futuro próximo será possível desenvolver terapias para cancro sem os efeitos colaterais” das que temos agora, explicou Pedro Granja.
A quimioterapia atualmente não distingue especificamente as diferentes células que constituem o tumor, acarretando diversos efeitos secundários indesejáveis que o doente com cancro bem conhece.
“Se conseguirmos guardar as drogas terapêuticas em minúsculas caixinhas e colocarmos nelas um destinatário, poderemos libertar no organismo essas drogas com a garantia que elas irão bater apenas nas portas corretas, ou seja, nas células que queremos atingir”, sublinhou ainda Granja. “Mas para isso é necessário conhecer muito bem quais são as marcas das células a atingir para que não incomodemos as vizinhas”.