por Patrícia Maia
O objetivo é apostar “na produção em massa” desta planta ainda desconhecida da maioria dos portugueses “mas que tem inúmeras vantagens para a saúde”, além de, em países como a França e a Holanda, ser considerada um produto ‘gourmet’, explica Marisa Ribeirinho, mestranda de Genética na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), ao Boas Notícias.
Embora, tal como o sal que usamos na cozinha, a salicórnia, também tenha na sua composição cloreto de sódio, na planta “este composto vem mais diluído, além de que vem com mais sais minerais e nutrientes”.
Marisa Ribeirinho é natural da Ria de Aveiro, uma região onde a salicórnia é bastante abundante, mas mesmo assim só ouviu falar nesta planta quando, um pouco por acaso, lhe veio para às mãos um folheto que promovia as propriedades e as utilizações da salicórnia.
“Depois fiz uma pesquisa bibliográfica a nível nacional e verifiquei que havia poucos estudos sobre esta planta e os que havia referiam-se apenas ao seu crescimento em ambiente natural ou em estufa”, recorda a investigadora.
Assim, para o seu estágio final de licenciatura, Marisa decidiu propor à docente Fernanda Leal, do Departamento de Genética e Biotecnologia da UTAD, o desenvolvimento de uma “forma alternativa para a produção desta planta”.
Um genótipo livre de fungos e bactérias
A docente “não hesitou em apoiar a ideia” da aluna e, em conjunto, a dupla criou uma versão mais apurada da planta: um genótipo “livre dos fungos e das bactérias” que por vezes afetam o seu crescimento em ambiente natural.
Marisa Ribeirinho (esquerda) trabalhou sob orientação da sua orientadora Fernanda Leal (direita) para desenvolver este projeto que promete dar uma nova vida à salicórdia, uma planta pouco valorizada em Portugal
Além disso, a equipa otimizou “um substrato gelatinoso com macro e micro nutrientes (entre eles o cloreto de sódio) que permite a multiplicação em grande escala deste genótipo daplanta, em qualquer altura do ano e em qualquer zona do país”.
As plantas são depois colocadas numa câmara que “oferece a temperatura e a luz ideal para o crescimento da planta”. A especialista Fernanda Leal salienta que este método permite a obtenção de plantas geneticamente idênticas, “em condições semelhantes ao ambiente natural, o que nem sempre é possível devido às mudanças sazonais”.
A mestranda Marisa Ribeirinho admite que a investigação é embrionária, sublinhando que falta ainda, por exemplo, fazer “a caracterização química detalhada da planta”, para apurar todos os seus benefícios.
Mas a jovem investigadora acredita que este método de cultivo ‘in vitro’ da salicórnia – que já está à espera da patente provisória – permitirá a produção em massa da planta e a preços muito competitivos, e revela que a equipa já “foi contactada por empresas da indústria alimentar” interessadas em apoiar o projeto.
Notícia sugerida por Maria Pandina