Um grupo de investigadores do Centro de Engenharia Biológica (CEB) da Universidade do Minho (UMinho) está a trabalhar no desenvolvimento de uma substância capaz de destruir bactérias resistentes a mais de três classes de antibióticos.
Um grupo de investigadores do Centro de Engenharia Biológica (CEB) da Universidade do Minho (UMinho) está a trabalhar no desenvolvimento de uma substância capaz de destruir bactérias resistentes a mais de três classes de antibióticos. A solução estará pronta no final de 2013 e vai ser incorporada em medicamentos para dar resposta a doenças que constituem um “perigo” para a saúde pública.
Em comunicado, a UMinho explica que este trabalho de investigação, intitulado “Terapias virais inovadoras por modificação genética de bacteriófagos”, está a ser desenvolvido pelo Grupo de Biotecnologia de Bacteriófagos do CEB em colaboração com o MIT – Massachusutts Institute of Technology, dos EUA.
O objetivo da investigação é desenvolver produtos, baseados em bacteriófagos (ou “fagos”) ou proteínas produzidas por esses agentes microbianos, capazes de matar bactérias “multirresistentes”, responsáveis por doenças infecciosas que provocam, anualmente, milhares de mortes.
Estas novas terapias antimicrobianas poderão ser usadas no tratamento de infeções da pele, úlceras de pressão, feridas crónicas, amigdalites ou otites, bem como de outras complicações como infeções pulmonares, genitais, urinárias e gastrointestinais.
Joana Azevedo, que está a coordenar a investigação, explica que os “fagos”, pequenas partículas de 200 nanómetros encontradas na natureza, surgem também como uma solução farmacêutica que terá benefícios imediatos nos gastos associados ao sector da saúde.
“Os custos anuais ligados à resistência aos antibióticos são de aproximadamente dois biliões de euros”, aponta a investigadora, acrescentando que já foram também desenvolvidas técnicas inovadoras para manipular geneticamente os bacteriófagos e torná-los, deste modo, mais eficazes no combate bacteriológico.
O grupo de investigadores responsável por este trabalho
Mais aplicações além da saúde
Segundo a professora do Departamento de Engenharia Biológica, o crescente interesse dos “fagos” como agentes terapêuticos deve-se fundamentalmente ao aparecimento de bactérias com múltiplas resistências ao antibióticos, o que constitui uma “grave ameaça para a saúde humana”.
De acordo com Joana Azevedo, este “super-fago” será a primeira substância “quimérica” com caapcidade para “matar mais rapidamente” as bactérias e com uma ação mais alargada.
Os produtos à base de bacteriófagos não serão, no entanto, exclusivos do sector da saúde. O grupo português estabeleceu também, recentemente, uma parceria com o Instituto Ibérico de Nanotecnologia para desenvolver biossensores capazes de detetar bactérias, tendo sido já construída uma “interface” para a identificação de agentes patogénicos comuns nos produtos avícolas.
Além disso, os investigadores nacionais juntaram-se também a cientistas da Universidade de Leuven, na Bélgica, para patentear uma nova tecnologia baseada no uso de endolisinas, agentes cujo objetivo é destruir em poucos minutos bactérias indesejadas, como a E.coli, que provoca infeções do aparelho excretor, meningites e pneumonias e que tem grandes possibilidades de vir a ser usada em hospitais.