Um grupo de investigadores da Universidade do Minho (UMinho) está a trabalhar num substituto ósseo injetável para regenerar os ossos. A solução, permite responder a fraturas, doenças degenerativas e problemas de envelhecimento.
Um grupo de investigadores da Universidade do Minho (UMinho) está a trabalhar num substituto ósseo injetável para regenerar os ossos. A solução, que permite responder a fraturas, doenças degenerativas e problemas de envelhecimento, insere-se no desenvolvimento de um dispositivo com elevado potencial biomédico para ser aplicado em várias áreas da medicina regenerativa.
Os projetos estão a decorrer no laboratório FUNCARB do Centro de Engenharia Biológica da UMinho e, em comunicado enviado ao Boas Notícias, os especialistas explicam que este dispositivo é “único” na medida em que se baseia num hidrogel – um material altamente poroso e hidratado – à base de um polímero, o dextrino.
“Não existem hidrogéis com base neste material, sendo ainda muito reduzidas as aplicações biomédicas com recurso ao mesmo. A substância é obtida através de processos químicos simples, expeditos e económicos. Trata-se de uma matéria-prima de origem natural e com grau de pureza elevado”, revela Miguel Gama, professor do Departamento de Engenharia Biológica e daquela universidade e coordenador do projeto.
O hidrogel resultante deste projeto (que se chama REBONE e é financiado pelo programa Euronanomed) vai permitir ao cirurgião a fácil aplicação de materiais granulares no defeito ósseo, garantindo a sua fixação e uma regeneração mais eficiente.
Envelhecimento aumenta importância da medicina renegerativa
“O envelhecimento da população mundial e o número crescente de pessoas afetadas por doenças regenerativas incentivam ao desenvolvimento de novas tecnologias de medicina regenerativa e engenharia de tecidos, que estão na base de um mercado em rápida evolução”, justifica o investigador.
De acordo com Miguel Gama, a utilização de hidrogéis de dextrino possibilitará conjugar e personalizar numa única solução as propriedades essenciais de biomateriais desenvolvidos para regeneração óssea com a injetibilidade e eficiente reabsorção do hidrogel, visto que este é “facilmente dispensado pelo organismo”.
O cientista salienta ainda que a validação das propriedades “ótimas” do hidrogel nestes contextos permite antever um desenvolvimento acelerado de “matrizes poliméricas específicas” para conjugar com outros substitutos ósseos para indicações terapêuticas variadas, nomeadamente proteínas recombinantes, células estaminais e fatores de crescimento.
Miguel Gama realizou o doutoramento na UMinho, onde é professor desde 1992. Coordena o grupo FUNCARB – FUNctional CARBohydrates Nanobiotechnology Group, que conta com cerca de 20 investigadores e tem perto de 90 publicações em revistas internacionais e orienta (orientou) um total de 20 estudantes de doutoramento.
A sua atividade de investigação relacionou-se, até 2005, com a enzimologia de celulases e a biotecnologia na indústria do papel. Desde então, centra-se no desenvolvimento de biomateriais para aplicação biomédica.