A sustentabilidade ambiental vai guiar Rita Bragança e Leandro Pans a uma volta ao mundo, por 50 países, ao longo de dois anos de viagem.
A sustentabilidade ambiental vai levar a portuguesa Rita Bragança e o uruguaio Leandro Fans numa volta ao mundo. Movidos a óleo vegetal, o casal embarca numa viagem de automóvel para conhecer 50 países e comprovar que é possível percorrer o planeta através de uma “estrada de tijolos verdes”.
por Márcia Moço
Os dois jovens de 29 e 34, respetivamente, vão partir de Portugal já este mês para concretizar o sonho do Green Brick Road Project, projeto que pretende promover uma ideia simples com base na urgente necessidade de se adotar um estilo de vida sustentável.
Ao longo de dois anos, Rita, uma profissional da área do cinema, e Leandro, um chef que vive em Portugal há 11 anos, esperam visitar cerca de 50 países e trabalhar em pelo menos 15 quintas orgânicas de todo o mundo. Pelo caminho, o casal vai colaborar com a rede de voluntariado World Wide Opportunities on Organic Farms (WWOOF), dedicando entre três e seis semanas a cada uma das quintas.
A WWOOF é um programa de intercâmbio que, em troca de ajuda voluntária, garante alimentação, alojamento e oportunidades para conhecer o estilo de vida natural em quintas e espaços rurais.
“O nosso objetivo é uma formação prática nestes temas de maneira a podermos criar, depois, a nossa própria quinta onde possamos partilhar estes conhecimentos”, explicam Rita e Leandro ao Boas Notícias.
Os viajantes esperam contactar com “comunidades locais em diferentes lugares do mundo” e aprender sobre sustentabilidade ambiental, com foco na “permacultura e agricultura biológica, preservação de ecossistemas e biodiversidade”.
Carrinha Amarela adapta-se à viagem sustentável
A fiel companheira de Rita e Leandro é uma Mercedes Benz 307D de 1984, amarela e branca, que passou por várias modificações para que o seu motor fosse movido a óleo vegetal. Mais do que o transporte do casal, a Amarela será a casa ambulante dos dois jovens ao longo de dois anos de descobertas.
Os viajantes utilizaram materiais reutilizáveis para construir uma casa dentro da carrinha. A Amarela já está pronta para a viagem e leva no seu interior uma cama, um frigorífico, um lavatório, um fogão e um sistema de aquecimento.
Rita e Leandro explicam que a decisão de alterar o sistema de alimentação de combustível da carrinha surgiu com a vontade de querer “reduzir a pegada de carbono” ao longo da viagem. A opção do óleo vegetal é apresentada como “a melhor maneira possível e disponível de momento para evitar usar combustíveis fósseis”.
No decorrer dos preparativos para a viagem, o Green Brick Road Project contou com o apoio da WWOOF Portugal, do portal Greensavers e de outros viajantes, como foi o caso de Carlos Carneiro, responsável pelo projeto “Nunca é tarde”, uma viagem que pai e filho realizaram à volta de África.
Acima de tudo, os viajantes destacam a ajuda de André Reis, mecânico que fez a transformação da Amarela. O motor da carrinha faz o arranque através de diesel, passando então para a alimentação a óleo vegetal quando for atingida a temperatura adequada. Antes do motor ser desligado, o abastecimento passa de novo para o diesel até à sua paragem.
Parte do óleo vegetal necessário para concretizar a viagem foi reunido com a ajuda de amigos e familiares dos dois viajantes. “Vamos também pedir a restaurantes e consideramos contactar empresas de reciclagem de óleo que possam querer contribuir para este projeto”, explicam ao Boas Notícias.
A Amarela terá de passar por travessia marítima entre alguns territórios, estando previsto que sejam contactadas diretamente empresas de transporte fluvial para levar a bordo o Green Brick Road Project. Tal como o voluntariado no projeto WOOF, os dois aventureiros põem a possibilidade de trabalhar a bordo de cargueiros em troca do transporte da Amarela.
A bagagem
“Muito óleo, muitos filtros e ferramentas” são os principais elementos da bagagem do casal para garantir que percorrem os 50 países à volta do mundo. Os jovens têm a viagem pensada e estão precavidos para as mais variadas situações que possam encontrar.
“A bagagem para uma viagem de dois meses ou de dois anos é mais ou menos a mesma. A diferença é que tem de se estar preparado para Inverno e Verão”, explicam. “As galochas, a máquina fotográfica e o equipamento normal de campismo” são outros elementos que não vão faltar nas malas de viagem de Rita e Leandro.
Para a primeira fase da viagem, a Amarela vai transportar dois depósitos de 240 litros cada e um outro com 70 litros de óleo vegetal, sendo que o cálculo do consumo para toda a viagem atingiu os 10 litros a cada 100 quilómetros. “Ou seja, se levarmos os nossos depósitos cheios teremos uma autonomia de cerca de 5.000 quilómetros”, afirmam.
Rita e Leandro levam ainda na bagagem menos contributos do que esperavam receber mas agradecem o apoio prestado por várias pessoas que lhes facilitaram o planeamento da viagem e fizeram com que este projeto fosse possível. O casal explica que o mais importante é “aprender e contribuir para a divulgação da urgência em ser-se sustentável”.
“Quando nos propusemos fazer esta viagem, contámos apenas connosco e com as nossas convicções, por isso tudo o que vier a mais é fantástico, mas não será impeditivo se não pudermos ter todos os apoios que gostaríamos. Trabalharemos com o que tivermos”, realçam os viajantes.
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